“Zodiac” de David Fincher
The Black Dahlia, Hollywoodland, Zodiac.
Os três filmes acabam por ser bastante diferentes. Desenrolam-se em épocas distintas, anos 40, anos 50 e 60 e anos 60 e 70, respectivamente, e a sua abordagem assume enfoques completamente diferentes mas em última análise são três filmes que recuperam alguns dos mais violentos e enigmáticos crimes ocorridos na costa oeste dos EUA nos meados do século passado.
Seja pelo seu mediatismo, seja pelo impacto que esses crimes tiveram na sociedade norte-americana e na vida daqueles que os investigaram, seja pelo mistério que até hoje ainda subsiste em relação à autoria dos mesmos, mencionar os 3 filmes numa mesma frase fará, à partida, todo o sentido. Porém, sem desprimor ao trabalho de Brian De Palma (Dahlia) e Allen Coulter (Hollywoodland), os dois anteriores não tiveram um realizador como David Fincher, nem um trio de actores tão homogéneo como Robert Downey Jr., Mark Ruffalo e Jake Gyllenhaal.
A realização não se destaca pela criação de momentos de suspense e de angústia, ainda que esses não faltem, mas sim, pela forma como retrata o impacto que os crimes praticados por um assassínio em série, auto-demoninado de Zodiac, tem nas vidas de 3 personagens tão distintas mas, ao mesmo tempo, complementares. Sem cair em excessos, o realizador vai contando a história, ao mesmo tempo que permite a cada um dos actores o protagonismo necessário para o desenrolar da mesma.
Mais do que a incessante procura da identidade do assassino o que realmente interessa é perceber a verdadeira identidade daqueles que o procuram: o jornalista veterano (Downey Jr), o investigador temerário (Ruffalo) e o cartonista obcecado (Gyllenhaal). É neles que a câmara de Fincher se foca e é através deles que percebemos o impacto que Zodiac teve numa sociedade insegura e “despreparada”.
Poderá não ser uma obra tão memorável como Se7en mas não deixa de ser um filme obrigatório!