“Haverá Sangue (There Will Be Blood)” de Paul Thomas Anderson
Demorei alguns dias a escrever sobre este filme não só por falta de tempo mas, também, para ter tempo de assimilar o que tinha visto, para discutir um pouco esta obra, para “descobrir” o filme.
Tenho de vos confessar que quando saí do cinema a minha apreciação ao filme era bastante mais crítica do que agora. Quando somos surpreendidos temos duas reacções possíveis ou nos sentimos maravilhados ou enganados. Eu, não me senti maravilhado!
Quando na Antevisão vos falei de um Épico era mesmo isso que esperava, um filme arrebatador, grandioso, um instantâneo Clássico. Apenas agora consigo perceber o porquê do filme ser apresentado como tal, infelizmente (ainda) não consigo compartilhar esse entusiasmo.
Talvez o filme seja demasiado rude, demasiado negro, demasiado detalhado para mim. Por ventura, há uma sub-linguagem que o torna superior, belo, mas, também, inacessível, difícil. Talvez ainda não possua a maturidade/imaginação para lá chegar…
Deixemo-nos, então, de filosofias.
Daniel Day-Lewis pode começar a preparar o seu discurso para os Oscars. O seu retrato do incompreensível/incompreendido Daniel Plainview é a todos os níveis fantástico. Sem falhas será o melhor adjectivo a utilizar e aquele que resumo em poucas palvras aquilo que poderia levar horas a definir.
Paul Thomas Anderson é um realizador brilhante. There Will Be Blood pode não ser agradável à vista. A história pode oscilar entre alguma complexidade ou extrema simplicidade mas cada cena, cada momento, cada plano são de uma qualidade invejável. Nas mãos de outro a obra de Upton Sinclair seria um filme intragável!
Paul Dano (o rapaz “mudo” de Little Miss Sunshine) regista a sua 2ª performance de qualidade em outros tantos anos. No duplo papel dos irmãos gémeos Paul e Eli Sunday, a(s) sua(s) personagem(ns) conduzem praticamente todo o filme, numa luta desigual contra o ganancioso e imoral Daniel Plainview.
Curiosamente (ou talvez não!) o filme no seu todo é bem inferior à soma das suas partes.
Se por um lado o filme conta com momentos brilhantes de uma intensidade física e psicológica inacreditáveis e, ainda, com uma capacidade fora se série em nos colocar a viver numa época (não) muito diferente da nossa. Por outro, no final, ficamos com a estranha sensação de que nada ou pouco e passou e que o filme não é mais do que aquilo que vimos, sem twists, sem grandes revelações, sem sapos a cair do céu….
Daqui a uns anos poderá ser considerado um dos melhores da última década, este ano dificilmente chegará a ser considerado o melhor do ano!
Poderão passar mil anos, e o filme, para mim, continuará a ser mau, pessimo, uma perda de tempo!Quase 3h da minha vida foram perdidas no momento me que decidi sentar na sala de cinema a ver tal filme!Nada nele me cativou, nao me emocionou, nao me fez pensar, nao me provocou qualquer sensação positiva!Muito mau!! Se nao tiverem mais nada que fazer…memso assim escolham outro filme!
Para mim não só é o melhor do ano como deixa a maior parte da concorrência a léguas. Ainda assim concordo que possa ser um filme difícil. Talvez as expectativas demasiado altas não sejam coisa boa para quando se vai ver um filme, mas neste caso saí satisfeito.
Cumprimentos!