“Bem-vindo ao Norte (Bienvenue chez les Ch’tis)” de Dany Boon
Mais de 20 MILHÕES DE PESSOAS tornaram-no no filme mais visto de sempre em França! Entre nós chegou com pouco (ou mesmo nenhum) alarido, fruto da americanização do cinema visto e discutido em Portugal (e contra mim falo, inclusive!).
É uma pena que tal aconteça! O filme arrisca-se a passar completamente despercebido nas salas nacionais quando deveria ser um dos fenómenos da rentrée!
Aqui fica o meu modesto contributo para que tal não aconteça!
É por causa de filmes como este que me dirijo incessantemente para uma sala de cinema. No meio das muitas dezenas de filmes que tenho a oportunidade de ver a cada ano, à meia dúzia que de facto têm uma pérola lá dentro!
Neste caso a “pedra preciosa” é mesmo a simplicidade. Ao contrário das muitas comédias norte-americanas que invadem as nossas salas, esta obra francesa destaca-se pela simplicidade, pela honestidade, pela realidade. Não há lugar a efeitos especiais ou a grandes disparates, o filme retrata (obviamente com algum exagero) o “povo” que habita o norte da França, os seus costumes, as suas gentes, o seu espaço. Mas fá-lo de forma coerente, simpática, descontraída. O “pateta” no filme não são os habitantes de Bergues mas sim, o simples mas preconceituoso sulista (por ventura bem mais a sua família, do que ele próprio) que para lá se desloca em consequência dos seus actos irreflectidos.
Bem mas deixem-me vos explicar um pouco melhor do que se trate.
Philippe Abrams (Kad Merad), trabalha no posto dos correios numa simpática vila no sul de França. Tudo parece correr-lhe bem porém, a sua “amável” esposa (Zoé Félix) ambiciona viver junto ao mar, ou seja, em plena Cotê d’Azur, e Philippe não tem outro remédio que não procurar incessantemente uma possível transferência para uma cidade costeira. Quando seu cargo é entregue a uma pessoa com deficiência, Philippe decide tomar medidas extremas para garantir a próxima vaga que surgir.
Claro que as coisas não correm como planeado e com isso vai ganhar uma “agradável” estadia no ponto mais indesejável, Nord-Pas-de-Calais, ou seja, o extremo norte da França, local de muitas histórias e de antigos preconceitos, para onde a sua mulher recusa partir.
Sozinho, (dentro do possível já que Antoine/Dany Boon pouco espaço lhe concede) nessa terra estranha Philippe irá aprender que há males que vêm por bem!
O meu maior receio era que (tal como apregoam os americanos para justificar o fracasso das suas comédias a nível internacional!) a tradução, os diferentes hábitos e as diferentes culturas, acabassem por o tornar num produtos demasiado “regional” numa Europa que vive das suas diferenças mas também das suas semelhanças.
Puro engano! É de facto uma obra que merece o reconhecimento que teve no seu país e que merece ser vista e (mesmo) revista!
Não aspira muito alto mas acerta em todos os pontos, em todos os momentos, com uma precisão que desconhecia no cinema francês!
A minha mea culpa…
Aqui fica para “criar ambiente” (a música que marca todo o filme!):
O mérito é todo meu porque fui eu que escolhi este filme para irmos ver desta vez! :))