“W.” de Oliver Stone
Depois da acidez com que criticou o Estado norte-americano e a sua política perante a Guerra do Vietnam nos seus 2 filmes mais mediáticas Platoon e Nascido a 4 de Julho, o anúncio que Oliver Stone iria ser responsável por um filme sobre a vida de George W. Bush, deve ter deixado muitos republicanos em polvorosa.
Porém, tal como referido na Antevisão, o realizador foi peremptório ao afirmar que tratar-se-ia bem mais de um caricatura do actual Presidente dos EUA do que uma crítica cerrada ao seu trabalho e ao seu legado.
Depois de ver o filme fica a sensação que é possível agradar a todos (ou mais ou menos isso!).
Mais do que expor o trabalho e a personalidade (ou personagem) de W., Stone aposta tudo em “explicar” o que motivou um mimado e conflituoso indivíduo, descendente de uma das mais importantes e influentes famílias dos EUA (mais não seja pelos cargos ocupados pelo seu pai), a candidatar-se a Presidente.
Alternando entre a “carreira” de W., desde os seus tempos da faculdade até ser eleito Presidente, e o momento mais marcante da sua presidência (o início da Guerra do Iraque), o filme vai-nos dando a conhecer uma figura ímpar da sociedade e do mundo político de um país, também ele, diferente.
Ficamos a conhecer as principais característica de W. os seus defeitos mas também as suas virtudes, as suas relações familiares, desde os seus pais (James Cromwell e Ellen Burstyn), a sua mulher Laura (Elizabeth Banks), e o seu irmão Jeb, a sua redenção depois de um início de via adulta bastante atribulado e, no outro cenário, a sua relação com os seus assessores (Toby Jones, Tandie Newton, Scott Glenn) , o seu “método” para tomar decisões (importantes ou meramente decorativas) e a sua consciência de tudo o que o rodeia.
Porém, no final, a grande ambiguidade ainda se situa em torno do género cinematográfico. Estaremos perante uma comédia, um drama, um filme biográfico ou uma rábula sobre o Homem mais poderoso no Mundo!
Mas se o argumento pode-nos deixar algo confusos, serão insuficientes os elogios a fazer a Josh Brolin perante o seu desempenho como George W. Bush. Apesar das nítidas diferenças físicas o actor de No Country for Old Men consegue verdadeiramente encarnar a “personagem” conduzindo o filme de início a fim com uma performance bem acima da média, quem sabe a merecer a atenção dos Golden Globes (como Melhor Actor de Comédia/Musical).
A um outro nível, importante ainda destacar as interpretações de Richard Dreyfuss e Jeffrey Wright (respectivamente como Dick Chenney e Colin Powell), num contraponto fabuloso à “loucura” de W..
Em última análise, W. poderia ser considerado o caso mais marcante do denominado American Dream. Num país de oportunidades, qualquer um (literalmente) pode almejar e atingir o seu sonho mais profundo.
Por ventura Oliver Stone podia ter ido mais além…
Talvez o passar dos anos amoleça realmente as pessoas!
Que decepção… Não sei muito bem o que esperava, mas de certeza que não era aquilo que vi.. Existe uma incoerência enorme, a meu ver, entre o marketing realizado e o estilo próprio do filme!