“007 Quantum of Solace” de Marc Forster
Não se tratasse de um filme sobre o agente secreto mais conhecido do Mundo e teria só elogios!
O problema é que a franchising mais lucrativa do Mundo tem um historial, uma cultura, uma imagem que não se muda de um dia para o outro!
Quando a família Broccoli se propôs a redefinir o conceito 007, tornando-o mais rude e mais frágil (no fundo, mais real!) viu-se obrigada a suprimir alguns dos elementos que marcaram a série ao longo de várias décadas: o tom jocoso de Bond e a presença de Moneypenny, a sua aura machista e o dry martini shaken not stirred, Q. e as suas engenhocas e as peripécias mais que improváveis!
Desta forma, aquilo que foi anunciado como o regresso de Bond aos seus primórdios, nomeadamente a Dr. No e, sobretudo, à escrita de Ian Fleming, deixou Bond entregue a si próprio, à sua costela mais violenta e a M.
É verdade que Daniel Craig (e já agora, Judi Dench) preenche brilhantemente esse papel, o problema é que se sente falta de algo mais, de uma mística, de um estilo, de um símbolo.
Cientes desse facto (digo eu!), os argumentistas e os produtores têm vindo a criar um novo Mundo. E este é o grande segredo deste Quantum of Solace e talvez a peça que me faltava quando assisti à ante-estreia e me senti traído no final!
Para além de um filme em si mesmo, este 22º Bond é mais uma peça de um novo e complexo puzzle. Sem querer desvendar demasiado deixo-vos apenas duas dicas:
– Quantum é a nova S.P.E.C.T.R.E.
– Mr. White (Jesper Christensen) o novo Blofeld (ou algo muito próximo!).
Tal como anunciado na Antevisão, Quantum retoma a acção logo após o fim de Casino Royale. Dividido entre o sentimento de vingança e o dever de descobrir quem é esta estranha organização que parece estar em todo o lado, Bond será obrigado a seguir o seu próprio instinto. Fruto da desconfiança que ainda causa em M. (e em toda a estrutura do MI6), ele poderá contar apenas com o seu amigo da CIA, Felix Leiter (regresso de Jeffrey Wright) e com a bela e obstinada Camille (Olga Kurylenko) no seu confronto com Dominic Green (Mathieu Amalric) e o seu plano maquiavélico em se apoderar de um dos recursos naturais mais valiosos do Mundo.
De Itália ao Haiti, da Áustria à Bolívia, o filme é uma roleta russa de acção, ritmo e violência. Num dos filmes mais pequenos de toda a série (apenas 1h45) o difícil mesmo é acompanhar a história que se vai desenhando nos bastidores. Sem nunca possuirmos toda a informação acabamos por ficar suspensos e fixados em tudo o que se passe na tentativa de descobrir alguma pista.
Deixo-vos apenas mais uma dica. Desfrutem o filme por si só. Não se preocupem em “perceber” o que se passa!
Em última análise estamos perante um grande thriller que nos entre tantos vai redefinindo uma lenda. Mas isso pode bem ficar para depois!
Uma última palavra para a cena que homenageia o grande Goldfinger e o novo ouro (negro).
Simplesmente brilhante!
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Trailer Pt
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“Another Way To Die” Jack White & Alicia Keys