“Bolt” de Byron Howard e Chris Williams
Muito do que havia para dizer já foi adiantado na Antevisão. A história, o cenário, as personagens, a música, a tridimensionalidade e os “efeitos especiais”, tudo corresponde (ou até mesmo ultrapassa) as expectativas.
Resta-nos, então, falar da experiência…
Digamos que por lapso, assisti à sessão dobrada em português. Garanto-vos que longe vão os tempos em que o “boneco” abria a boca e não se ouvia nada ou então, de quando ouvíamos o diálogo numa altura em que as personagens estavam impávidas e serenas e contemplar o horizonte!
No entanto, mesmo resolvidos os problemas “técnicos” nem tudo são rosas do mundo das dobragens em Portugal… longe disso!
Os diálogos roçam a mediocridade, sem qualquer intensidade ou doçura, recorrendo frequentemente a um calão utilizado numa certa região do país (Lisboa) e que soa a estranho à maioria dos portugueses.
Sempre que aparece uma personagem com um ar mais molengão toca a dar-lhe um sotaque alentejano, deforma a que o pessoal perceba que o rapaz é atrasadito?!?!
E a cereja no topo do bolo é o diálogo non-sense com sotaque António Feio/José Pedro Gomes como que a lembrar-nos que as dobragens em Portugal ainda são uma Treta!
Será mesmo necessário esta “aportuguesação” dos diálogos para serem compreensíveis pelas crianças? A ideia do cinema não é, em última análise, conhecermos novas culturas e novos mundos? Bem … fica o reparo!
Ultrapassado este percalço (no fundo, culpa minha, por ter ido ver a versão dobrada!) voltemos ao filme… e este faz-nos esquecer, por completo, todos os possíveis dilemas!
Ternurento e agressivo q.b. Bolt (tanto filme… como o cão) é um prazer para os nossos olhos… ainda mais com os óculos 3-D! Fruto do apuramento de uma tecnologia em constante evolução, o cinema a 3 dimensões é de facto uma autêntica montanha-russa. Cada momento, cada detalhe, é uma experiência nova e indescritível!
Não bastasse as imagens, a história é também cativante. Típico road-movie norte-americano, o filme acompanha a viagem de regresso de Bolt para a sua dona, Penny, auxiliado por 2 amigos improváveis: Mittens, uma gata com personalidade própria e Rhino, um hamster sedento por aventura.
A inevitável moralidade da história é aqui aplicada não só às crianças mas também aos mais adultos, abordando temas recorrentes mas aos quais nunca é demais regressar.
Depois da semi-desilusão Madagáscar 2, Bolt promete encher as salas de cinema com um ternurento e vigoroso espírito natalício.
Sucesso garantido!