“A Troca (Changeling)” de Clint Eastwood
Depois não venham dizer que não avisei (ver antevisão), …
… o filme pertence, do 1º ao último minuto, a Angelina Jolie!
A Embaixadora da Boa-Vontade da ONU preenche a tela a cada momento, demonstrando uma fragilidade e uma emoção apenas ao alcance de alguns, num contraste incrível com, por exemplo, o seu último desempenho em Procurado/Wanted!
É nela que Clint Eastwood fixa a sua câmara. Na dor e no sofrimento de Christine Collins, mãe solteira, cujo mundo desaba com o desaparecimeno do seu único filho, Walter! Durante mais de 2h acompanhamos a sua busca, a sua preseverância, o seu discernimento e a sua coragem, em enfrentar tudo e todos em prol da verdade.
Numa recriação muito bem conseguida dos anos 20 e 30, o filme rapidamente nos transporta para uma L.A. inundada pela corrupção e arrogância.
A esperança e honradez de outras obras de Eastwood é aqui substituída por um ambiente bem mais sombrio e pesado mantendo, no entanto, a inigualável qualidade que o veterano realizador nos vem habituando.
Para além da performance de Angelina destaca-se ainda a presença do veterano John Malcovich no papel do reverendo Gustav Briegleb (John Malkovich), um forte crítico da polícia local e de Jeffrey Donovan, como capitão J.J. Jones, personificando em si os piores defeitos de uma corporação infame.
Por fim, o justo destaque para a música, da autoria do próprio Clint Eastwood, num registo triste e melancólico mas duma qualidade invejável, confirmando em pleno a justeza na sua nomeação aos Golden Globes.
O único senão do filme será a ligeira dispersão da história, que se acaba por alongar em demasia em enredos secundários que, apesar de importantes para o desenlace final, acabam por retirar ao filme alguma da sua intensidade e magia.
Recomendado … mais não seja porque, muito provavelmente, estaremos perante o melhor desempenho feminino deste ano!
Oscar?
Para a posteridade: