“O Casamento de Rachel (Rachel Getting Married)” de Jonathan Demme
Jonathan Demme ficará para sempre ligado a Silêncio dos Inocentes/Silence of the Lambs, fasquia demasiado elevada para ultrapassar, confirmada pelo quinteto primordial dos Oscars (Melhor Filme, Realizador, Actor, Actriz e Argumento)!
Para além deste, apenas Philadelphia (obra maior de Tom Hanks), 2 anos depois, mereceu similar atenção.
Depois disso, 15 longos anos passaram até Rachel Getting Married.
De imediato, o principal destaque vai para o contraste (financeiro) entre as obras mencionadas. Nascido do mais puro cinema independente (norte-americano), Rachel… cinge-se, precisamente, à preparação de um casamento puro e simples (depois vão entender!), durante um fim-de-semana de loucos.
Toxicodependente deste a adolescência, Kym (Anne Hathaway) regressa a casa para o casamento da sua irmã (Rosemarie DeWitt). Com os pais separados (Bill Irwin e Debra Winger) e um longo historial de disputas, angústias, discussões e invejas, a relação entre elas não poderia ser fácil.
Ao longo do fim-de-semana, antigos segredos serão revelados, velhos traumas serão exorcizados, novas relações serão criadas e/ou aprofundadas…
Se a realização de Demme (mesmo perante a opção pela câmara livre) é de facto um surplus, o grande trabalho é mesmo ao nível das interpretações.
Hathaway com um papel desenhado para os Oscars não desilude um milímetro. Abandonando por completo a sua imagem clean, a actriz nova-iorquina confirma pergaminhos e alcança um estatuto diferente.
Do núcleo familiar, pese embora o bom desempenho dos restantes membros, será imprescindível destacar o regresso de uma das maiores promessas da décade de 80, Debra Winger, num pequeno mas intenso desempenho que deixa marcas profundas.
Os Oscars serão certamente uma miragem mas nos Independent Spirit Awards (prémios do cinema independente nos EUA) o filme terá todas as condições para ser um dos grandes vencedores da noite.
E merece-o!