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“O Leitor (The Reader)” de Stephen Daldry


Se for feita justiça Kate Winslet irá sair do Kodak Theatre com 1 Oscar na mão!

Há 6ª nomeação e após um ano em que foi ganhando prémios e reconhecimento um pouco por todo o lado graças ao seu desempenho neste filme, mas também, em Revolutionary Road, Winslet parece predestinada à glória suprema!

Claro que há sempre Meryl Streep e Angelina Jolie (e as outras 2 candidatas…) mas ao eleger apenas um dos seus desempenhos e ao promovê-lo à categoria principal, a Academia enviou a “sua” mensagem!

Nenhuma actriz conseguiu tão nova, alcançar tantas nomeações nem (arrisco a dizer) tal leque de desempenhos de qualidade. Mais do que o seu (brilhante) desempenho no filme, penso que será o prémio justo para uma (ainda curta mas) merecedora carreira.

E se a carreira de Kate tem sido fulminante que dizer da do realizador Stephan Daldry? Ao 3º filme, o realizador inglês alcança a sua 3ª nomeação! E se Billy Elliot terá sido um pouco sobrevalorizado, tanto The Hours como este The Reader, não levantam a mínima contestação.

Alemanha pós-II Guerra, do nada o adolescente Michael Berg (David Kross) envolve-se com a misteriosa e bem mais madura, Hanna Schmitz (Winslet). À parte da sua relação carnal, o único ponto de contacto entre ambos são as obras literárias que Michael lê a Hanna
Várias décadas depois, encontramos Michael (Ralph Fiennes), um conceituado advogado, divorciado, pai de uma filha que raramente vê e com uma angustia que se transmite ao 1º olhar!
Muitos anos passaram entre os 2 momentos, o que terá sido feito de ambos?

A simplicidade da sua descrição esconde por completo a complexidade e ambiguidade da sua história, da sua composição e, sobretudo, das suas personagens. Nada é preto ou branco, bom ou mal, correcto ou incorrecto. Ao longo do filme vamos percebendo que todos têm os seus defeitos e as suas virtudes, as suas razões e as suas emoções, as suas atitudes e as suas convicções.

Já em The Hours, Dardly tinha-se destacado pela forma sublime de transmitir a complexidade e dualidade do mundo e das personagens criadas pelo escritor Michael Cunningham. Desta vez o conflito (em nós) é ainda maior, deixando-nos num suspenso perante a aceitação ou rejeição das motivações de cada uma das personagens da obra de Bernhard Schlink.

Longe de ser um filme para as grandes massas, dada a rectidão e liberdade com que aborda temas imorais e/ou complexos, é um encanto para os apreciadores de uma cinema mais maduro e controverso. Ao acertar em cheio em praticamente todos os seus propósitos, o filme torna-se num marco na carreira de todos os seus intervenientes (o único senão será mesmo a prestação mais ausente de Fiennes) e numa obra memorável que merece por completo a atenção que tem alcançado (sobretudo por parte da Academia)!

Um dos melhores do ano… INDISCUTIVELMENTE!!

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