“100 Volta” de Daniel Souza
Para aqueles que se identificam com os espaços e que reconhecem a maioria do elenco (composto na sua larga maioria de actores amadores) o filme até tem o seu quê de interessante.
Para os restantes, acredito que se trate de um terrível equívoco!
A “única” atenuante é tratar-se de um projecto totalmente amador, com um orçamento (declarado) de 70.000€, em que o protagonista é ao mesmo tempo realizador, argumentista, editor, duplo, director de fotografia, responsável de som e produtor, e em que a maioria do elenco se estreia em frente de uma câmara!
Humor, sexualidade e acção são os ingredientes prometidos (e os chavões do actual cinema de massas português). E, a verdade, é que esses argumentos até são (mais ou menos) correspondidos!
O problema é que um filme, para se designar como tal, tem de ser suportado por um ARGUMENTO minimamente consistente! Aqui reside o seu principal defeito!
Actores a improvisar com sotaques de bradar aos céus, qualidade de imagem e som questionável com efeitos especiais próprios de um qualquer filme caseiro, e uma montagem intermitente, tudo isto é perdoável e até comum a muitos filmes do puro cinema independente, mas sem uma história (original) para contar, dificilmente um filme sobreviverá!
A máquina que o liga à vida será em grande parte alimentada pelos bons momentos de humor e descontracção que vão pontuando o filme (já que as cenas mais quentes deixam MUITO a desejar!).
A dupla de polícias Sousa e Meireles, (Rafael Sousa e João Baptista), o duo de dentistas (mais conhecidos por Quim Roscas & Zé Estacionâncio) e a breve aparência do verdadeiro palhaço Fernando Rocha, vão tornando suportável um filme que contrariando toda a lógica e racionalidade alcançou a proeza de estrear em simultâneo em 14 salas nacionais.
Zé Galinha (Daniel Sousa) é um reputado e “sedutor” trambiqueiro, especialista em roubos de automóveis. Quando um conhecido chefão lhe encomenda 32 carros, ele recruta rapidamente uma equipa (de mulheres) para o ajudar na empreitada. No entanto, por ironia do destino um dos carros roubados pertence à perigosa máfia russa a actuar em Portugal que, por sua vez, se encontram em “apertada” vigilância da polícia local.
No meio de tantos equívocos e coincidências o larápio vai-se revelando, neste jogo do gato e do rato em que as perseguições a alta velocidade são o pão nosso de cada dia!
Vale pelo esforço, pela coragem e … pouco mais!
Será que é através destas iniciativas que vamos fugindo ao estigma de cinema português = a Manoel de Oliveira? Estaremos no rumo certo?
Deixem a vossa opinião…
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Trailer
Tv Spot
NOTA: Uma pipoca pelo esforço e outra pela coragem. Pode parecer um ENORME exagero mas a parcialidade também existe, ok!?!
esforcei-me mas não consegui gostar.
Como conheço a pessoa, já é de prever o tempo passageiro.
Se este filme foi uma grande ideia e um sonho… fará o que vem a seguir… mas isto sou só eu a achar.
Qto aquela parte do Manoel de Oliveira… penso que com ele todos temos a aprender. Se é tão referenciado em todo o mundo, por algum motivo é; fazer de conta que não existe só porque não se gosta, é que me parece estúpido.
Mas também já li em qualquer lado, e a pessoa gostava deste filme, que os filmes que se fazem em Portugal são para os 1% dos intelectuais e que, portanto, os 99% já podiam ver este filme. Não sei bem onde a pessoa se incluía. Mas de facto este filme falha redondamente quando existem tantos e tão bons sem lugar num cinema “perto de si”.
Espero que as pipocas salgadas tenham sabido bem, é que o filme estava insosso.