“Che: O Argentino (Part One)” de Steven Soderbergh
Após a sua recente antevisão, nada como assistir à ante-estreia (da 1ª parte) para tornar este “singular” projecto num acontecimento relevante desta Primavera.
Sala cheia, muita expectativa e … algumas pessoas a irem embora durante o intervalo!
É o preço a pagar por ir ao cinema apenas porque fica bem (porque é chique!), em vez de se saber minimamente para o que se vai.
E não me interpretem mal. Não é preciso ser nenhum cinéfilo letrado para perceber que a mais recente obra de Steven Soderbergh não é nenhum filme de aventuras (ao estilo Ocean’s) nem nenhuma passerelle de estrelas (ao estilo Ocean’s!).
É sim, felizmente, um filme bem mais profundo e intenso que acompanha o nascimento de um mito (global) em plena selva cubana!
26 de Novembro de 1956. Após várias reuniões preparatórias, um grupo de 82 homens viaja num pequeno barco do México até Cuba, desse grupo fazem parte Raul e Fidel Castro e, O Argentino, Ernesto Guevara.
O seu objectivo? Iniciar uma revolução armada para destronar o regime ditatorial do, então, Presidente Fulgencio Batista (regime fortemente apoiado e dependente dos EUA).
Enquanto acompanhamos a campanha militar do Comandante Che Guevara (uma das várias colunas que avança rumo a Havana) ficamos a conhecer melhor alguns dos seus princípios, dos seus problemas, dos seus ideais.
Simultaneamente, num registo quase documental (e a preto e branco), observamos a viagem de Che Guevara aos EUA (em 1964), para discursar na Assembleia das Nações Unidas. As suas convicções serão o mote de uma viagem conturbada e as suas palavras o prenúncio para o que se seguirá…
Poupando-nos da exibição explícita dos efeitos da guerra, a preocupação de Soderbergh é muito mais captar o espírito, a postura, em suma, a diferente forma de ser do eterno Comandante.
E para tal, conta com um irrepreensível Benicio del Toro que nos transmite uma familiaridade e um respeito próprios de um verdadeiro líder, naquilo que se pode designar como um papel larger than life.
O actor de origem porto-riquenha parece regressar às origens, cabendo quem nem uma luva (quer física quer emocionalmente) na figura lendária do revolucionário argentino que 1º ajudou a mudar a face de Cuba e depois tentou mudar (o Mundo) o resto da América-latina.
Brevemente teremos oportunidade de confirmar tudo isto (E MUITO MAIS) na 2ª parte deste épico social/político/revolucionário… e finalmente ter o prazer de ver o “nosso” Joaquim de Almeida!
Motivos mais que suficientes para aguardar com IMENSA expectativa!