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“De Malas Aviadas (New in Town)” de Jonas Elmer


A história do jovem executivo citadino que vai para a “aldeia” e atesta o prenúncio de Pessoa (“Primeiro estranha-se, depois entranha-se”) não é, necessariamente, um poço de originalidade.

Veja-se, a título exemplificativo, o caso do maior sucesso de todos os tempos do cinema francês, Bienvenue Chez les Ch’tis, que no ano passado conquistou-nos pelo seu bom-humor e pela forma humilde e respeitosa com que analisava o eterno contraste de culturas, hábitos e sotaques dentro de um mesmo país.

Ao dilema cidade-campo é, desta vez, acrescentada a velha luta de classes, entre a pequena comunidade trabalhadora (na fábrica local) e os elitistas e metódicos capitalistas que gerem a empresa à distância (na paradisíaca Miami).

Lucy Hill (Renée Zellweger) é uma (não tão) jovem e ambiciosa executiva de um grupo multinacional ligado ao sector lácteo. Sem saber muito bem como ela é despachada para a remota cidade de New Ulm, no Estado do Minnesota para se ocupar da reestruturação da tradicional fábrica local. Lá, longe do calor e da hipocrisia de Miami ela sentirá alguma dificuldade em se ambientar…
No entanto o seu maior choque será mesmo com o delegado sindical local (Harry Connick Jr.), com quem Lucy irá comprar muitas guerras, até que …
…parece bem evidente o que irá acontecer a seguir.

Aliás, essa é a sensação desde o 1º momento. À parte do conflito de identidades (de experiências, de convicções, de gostos, etc.) o realizador dinamarquês Jonas Elmer (na sua estreia nos EUA) acrescenta pouco, muito pouco, ao género, mantendo o filme praticamente em piloto automático.

O único ponto de ruptura é a presença do quase irreconhecível J.K. Simmons (juro que passei o filme inteiro com a sensação de conhecer aquela cara de algum lado mas sem saber bem de onde!), interpretando Stu, o responsável da fábrica.
Responsável por 99% dos bons momentos de comédia do filme, o veterano actor cativa de tal forma que o filme parece só avançar quando ele aparece na tela!

Não fere mas também não contagia.
Sempre é verdade que nos leva a reflectir sobre alguns valores da vida e a importância daqueles que nos estão próximos. No entanto, no Mundo actual, em que o individualismo, a solidão, e o sucesso a qualquer custo ganham cada vez mais terreno, até que ponto não estaremos apenas perante a mais bem intencionada das demagogias?

Em suma, 1h30 de descontracção. (ponto final!)

Site Oficial
Trailer

NOTA: Por muito que me custe, torna-se obrigatório acusar a fraquíssima qualidade da exibição do filme nos cinemas UCI do Arrábida Shopping. Dada a minha assiduidade posso garantir que se tratou, efectivamente, de um acto isolado mas até que ponto será desculpável que durante uma antestreia a imagem apareça cortada a meio, o som esteja quase ausente ou distorcido, sendo necessários cerca de 15m de uma qualidade lastimável até ser suspensa a exibição e retomada com a devida qualidade?
SEM, NO ENTANTO, SEREM REPOSTOS OS MOMENTOS PERDIDOS DURANTE OS PROBLEMAS TÉCNICOS!!! Que dirá a distribuidora nacional, a Ecofilmes, de tudo isto??

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