“O Barco do Rock (The Boat That Rocked)” de Richard Curtis
Richard Curtis, o homem responsável por Love Actually (e pelos argumento de Four Weddings and a Funeral e Notting Hill), está de regresso ao bom espírito da comédia britânica com um filme que homenageia as míticas rádios piratas inglesas (e europeias de forma geral), dos anos 60 e 70.
Ainda que a Radio “Boat” Rock e os seus intervenientes sejam totalmente ficcionados, o background da história é bastante próxima da realidade. Em plena era de ouro da música pop e rock, a única estação de rádio com permissão para emitir a nível nacional (a BBC) dedicava o seu “tempo de antena”, em exclusivo, à música clássica, jazz e demais géneros, ditos eruditos!
É assim que, perante a eminente revolução social-cultural-sexual, as rádios piratas pontificavam na Grande Ilha, conquistando milhões de ouvintes e criando em seu redor um verdadeiro star-system, apoiado nos muitos jovens, adultos e crianças que os seguiam religiosamente (na maioria dos casos, em surdina).
No meio deste turbilhão encontramos Carl (Tom Sturridge), um jovem problemático que é enviado pela sua mãe para o Barco ancorado em pleno Mar do Norte onde opera a mais famosa Rádio Pirata do UK, propriedade do seu padrinho de nascimento, Quentin (Bill Nighy).
Lá, rodeado por um carismático núcleo de DJ’s residentes, liderados pelo norte-americano The Count (Philip Seymour Hoffman) e pelo retornado Gavin (Rhys Ifans), Carl irá descobrir que a vida pode-nos guardar surpresas mesmo nos locais mais impensáveis!
Entretanto, em Londres, o Ministro Dormandy (Kenneth Branagh) e o seu subordinado Twatt (Jack Davenport) tentam a todo o custo preservar a moral e os bons costumes britânicos “ameaçados de morte” por este grupo revolucionário!
Um dos grandes trunfos do filme é a sua capacidade de nos transportar para os emblemáticos anos 60, marcados definitivamente pela explosão do Rock ‘n’ Roll e da música Pop. Para o conseguir ele sustenta-se precisamente na sua banda-sonora, recuperando alguns do grandes hits daquela altura sem, contundo, nunca prejudicar a evolução do filme em detrimento da uma qualquer melodia.
De forma harmoniosa e precisa as músicas fazem, de facto, parte da história, contagiando mesmo aqueles (como eu!), para quem estes sons não representam mais do que memórias de tempos bem distantes e precedentes à nossa existência!
Pese embora algumas críticas relativamente à duração do filme (inclusive foi já avançado que para a sua estreia, em Novembro, nos EUA o filme terá menos 20m), por mim quando um filme é bom não interessa muito se é grande ou pequeno.
Já lá diz o ditado, “o tamanho não interessa o que conta mesmo é o que se faz com ele” (subentenda-se “ele”, o tempo… neste caso!).
Por mim posso-vos garantir que não darão, certamente, como perdido o vosso tempo/dinheiro.
Em termos de qualidade cinematográfica a comédia britânica (e europeia de forma geral) continua uns furos acima daquilo que é feito (na grande maioria das vezes) do outro lado do Atlântico.
Pode não produzir gargalhadas tão estridentes mas é realmente outro nível!