“Taking Woodstock” de Ang Lee
Eram muito elevadas as expectativas relativamente ao mais recente filme de Ang Lee… aliás bem patentes na sua Antevisão!
A diversidade de géneros abrangidos pelo realizador aliada à importância e magnitude do acontecimento em questão (talvez o maior fenómeno cultural do séc. XX), permitia esperar tudo de um tal projecto!
Mas desenganem-se aqueles que esperam do filme uma sentida homenagem ao imortalizado festival! O filme preocupa-se si, em explorar os acontecimentos que levaram à sua realização na pacata vila de White Lake e no efeito que tal acontecimento teve na vida das pessoais locais mas, também, na de todos os que participaram no evento.
E quando se fala em participar não se incluem apenas aqueles que estiveram presentes fisicamente nos concertos. O conceito é bem mais abrangente e estende-se àqueles que tinham bilhete mas “preferiram” ficar-se pelas suas tendas e roulottes, àqueles que desistiram de lá chegar devido aos caos rodoviário e logístico que se criou, àqueles que solidariamente contribuíram de forma a minimizar os efeitos de um festival sem as mínimas condições de segurança, higiene e alimentação e àqueles que, embora longe do local do festival, se identificam/identificaram com o fenómeno cultural, social e político.
Elliot Tiber (Demetri Martin), mesmo contra a vontade retrógrada dos seus pais decide disponibilizar o motel destes e o espaço limítrofe para a realização de um Festival de Música e Artes em meados do mês de Agosto de 1969.
Porém, as primeiras expectativas de público obrigaram a que um novo espaço fosse arrendado para o efeito, mantendo-se apenas o El Monaco como posto de comando e central de operações dos elementos principais da organização, nas semanas que antecederam o evento.
No entanto, aquilo que começou como um simples Festival de Verão, transformou-se desenfreadamente no maior evento cultural que à memória, juntando nas pantanosas regiões no norte do Estado de New York, mais de 500.000 pessoas!
Através dos olhos e restantes sentidos de Elliot somos transportados para o centro do Festival, espiando aqui e ali, conhecendo diferentes pessoas e percebendo um pouco melhor como este acontecimento se tornou no mais memorável evento musical da História… mesmo tendo em consideração que a larga maioria dos participantes nem se deve lembrar com clarividência daqueles dias.
Para desespero da grande maioria (imagino eu!), Ang Lee não nos apresenta a merecidíssima homenagem que o festival anseia (talvez ela já tenha sido feito em diferentes documentários que o abordaram), optando por uma visão bem mais pessoal e humana do acontecimento, declinando o facilitismo que seria expor o Festival Musical tal como todos nós o imaginamos/vivemos.
Facilmente se percebe que as expectativas em torno dos Oscars (ou demais prémios para os melhores do ano) parecem irremediavelmente perdidas, no entanto, há algo de diferente nesta sua abordagem que pode ser “aceite” como refrescante e distinto. Quem sabe?
Mas de uma coisa não tenho dúvidas, o desempenho de Imelda Staunton no papel da mãe (enraivecida) de Elliot, merece toda a atenção e os mais largados elogios.
Estão de acordo comigo?
"Taking Woodstock": 4*
"Taking Woodstock" é um filme bastante bom, com uma história interessante e com um elenco que cumpriu o seu dever solidamente.
Cumprimentos, Frederico Daniel.