“District 9” de Neill Blomkamp

Apetece dizer que Cloverfield já faz escola!

Peter Jackson dá o certificado de qualidade à obra de estreia do realizador sul-africano Neill Blomkamp, numa versão alargada da(s) sua(s) obra(s) anteriores (curtas-metragens) dedicada(s) a um peculiar grupo de extra-terrestres irremediavelmente “presos” num bairro do centro de Joanesburgo.

E se a obra de Matt Reeves “vivia” da câmara pessoal dos seus protagonistas, District 9 é apresentado como um mockmentary em que a presença e influência dos extra-terrestres na sociedade sul-africana (e no mundo) é um dado adquirido … ainda que mal explicado!

Mas o filme não se fica pelo crescendo de tenção, suspense e violência despoletados pelos acontecimentos imprevistos que colocam, bem ao de cima, “alguma” da verdade em torno da existência e dos interesses criados em redor da permanência dos extra-terrestres no Distrito 9.
Á parte do aspecto visual o filme aposta no confronto/crítica social precisamente num país em que a tolerância e o respeito pelos outros foram, até há bem pouco tempo, problemas enraizados na cultura do próprio país. Será com certeza bem mais fácil criticar do que agir, correcto?

Joanesburgo, década de 80.
Sem aparente justificação uma enorme nave extra-terrestre “estaciona” sobre a cidade. Após a desconfiança inicial e as justificadas precauções, os humanos acabam por tomar contacto com estes seres estranhos.
A princípio a relação entre eles é pacífica, fruto da curiosidade e da descoberta mútua. No entanto, com o passar dos anos a tenção aumenta e eles acabam por ser acondicionados num bairro fortificado, conhecido como District 9.
Duas décadas depois encontramos Wikus van de Merwe (Sharlto Copley), recentemente nomeado chefe máximo da operação que pretende realojar os aliens num espaço (vulgo, campo de refugiados) mais amplo e com outras características, ou seja, bem longe do centro da cidade!
Porém, diversos imprevistos condicionam a operação, acabando por colocar em risco a sobrevivência de todos os envolvidos – em ambos os lados da “barricada”!

Roçando o cinema de horror e terror, o filme aborda de forma deveras inteligente o problema da xenofobia, dos direitos individuais e da cobiça empresarial. Chocando, questionando e expondo a opção de Blomkamp em navegar por áreas cinzentas transfere toda a introspecção do protagonista para o próprio espectador, dividindo a audiência e motivando a discussão.

Mas não se deixem enganar. Por muito inteligente, exigente e criativo que o filme seja, o seu aspecto mais marcante passará forçosamente pelo aspecto grotesco, praticamente animalesco, como expõe os confrontos entre humanos, menos humano… e extra-terrestres!

Diferente!

Entretanto Sharlto Copley lá garantiu a sua entrada em Hollywood juntando-se à equipa que irá formar a nova A-Team.
Merece!

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