“Os Irmãos Bloom (The Brothers Bloom)” de Rian Johnson
Há filmes que estranhamente navegam por entre um mar de incerteza e desconhecimento. Por algum facto obscuro mantêm-se invariavelmente no anonimato, com lançamentos diminutos e promoções inexistentes que os impossibilita de qualquer ligação com o grande público.
É o caso deste The Brothers Bloom!
Mesmo perante um elenco invejável – os Oscarizados Adrien Brody e Rachel Weisz, a nomeada Rinko Kikuchi e o talentoso Mark Ruffalo – um realizador jovem mas bastante promissor (Rian Johnson) e um argumento intrigante e peculiar, o filme está irremediavelmente condenado a não passar de uma nota de rodapé nos respectivos currículos.
Apesar do reconhecimento no Toronto International Film Festival de 2008 (Setembro) o filme necessitou de mais de 6 meses para uma fugaz estreia nos cinemas norte-americanos (em Maio) e outros 6 para chegar ao nosso país. Por aqui já dá para ver o resultado que o espera(va)!
Cruzamento entre The Darjeling Limited (também com Brody) e Ocean’s Eleven, o filme acompanha uma dupla de vigaristas (e irmãos, como o título indica) que recorrem aos mais bizarros e improváveis estratagemas para ludibriar as suas vítimas.
Rapidamente ficamos a conhecer Stephen (Ruffalo) e Bloom (Brody), o mentor e o actor dos planos, respectivamente. Os 2 irmãos, juntamente com Bang Bang (Kikuchi), levam a vida a enganar os outros para benefício próprio mas enquanto Stephen o faz por prazer e vocação, Bloom actua por mera obrigação!
Acertam um último golpe que envolve a isolada e desequilibrada Penelope Stamp (Weisz), uma abastada herdeira, que tornar-se-á em bem mais do que seria de esperar… ou talvez não!
Para além das paisagens e ambientes distintos (a cidade de Praga na Rep. Checa, a Rep. de Montenegro e uma era indefinida, algures no séc. XX), o filme arrisca bastante ao conceber a cada um dos protagonistas a liberdade de experimentarem e construírem personagens improváveis mas que (algures) até fazem sentido.
Fica-me apenas a sensação de que há recantos e detalhes na história que nascem e/ou evaporam-se no ar, sem a devida e necessária clarificação, apoiados simplesmente por aquele ambiente de misticismo e originalidade que acompanha o filme!
Mas não basta querer, é preciso ser!
PS: A momentos faz-me lembrar The Sting, obra fantástica de 1973 que conquistou os Oscars de Melhor Filme e Argumento Original, entre outros…
… infelizmente somente… “a momentos”!!!