“Avatar” de James Cameron
Os velhos do Restelo não tardaram em afirmar que “a montanha pariu um rato”, os seus implacáveis defensores contrapuseram declarando que “se tratava do maior acontecimento cinematográfico da década”!
Por muito racional e objectiva que a 7ª arte possa parecer, também ela é feita e gerida por emoções, subjectividades e fidelidades…
Por seu lado, James Cameron “limitou-se” a provar (se algo ainda houvesse a provar) que continua a ser um dos esteios da (r)evolução do cinema, sobretudo no que diz respeito aos seus avanços tecnológicos (som e imagem), a par somente de nomes como George Lucas ou Robert Zemeckis.
E, antes de tudo, Avatar é em verdade um marco do cinema em termos tecnológicos!
Nunca como nele foram explorados, exibidos e engrandecidos tantos aspectos visuais e sonoros! O 3-D atinge inequivocamente outro patamar mas o regalo para os olhos não se fica pela tridimensionalidade. Cada detalhe, cada cor, cada ruído faz-se notar de forma sublime e precisa, prendendo os nossos sentidos durante cada segundo das mais de 2h30!
O tempo voa e as oscilações de humor motivadas pela história são uma constante porém, também o é o nosso maravilhamento perante este novo Mundo que nos é apresentado!
Pandora é, a todos os níveis, um local (ou um planeta secundário, melhor dizendo) mágico!
Tal como já fui adiantando no comentário aos prémios dos melhores deste ano, nem só de tecnologia revolucionária vive Avatar. São muitas as características técnicas (Caracterização, Edição de Som, Fotografia, Direcção Artística, Montagem…) que tornam o filme numa obra memorável e inigualável!
Mas nem só dos aspectos sensoriais vive um filme. Aliás, como costumo defender, um dos seus aspectos mais preponderante será sempre o argumento. E é precisamente aqui que me restam algumas dúvidas! O enquadramento da história é muito bem conseguido, a sua ideia inicial denota ampla originalidade, o desenvolvimento das personagens assume contornos de obra dramática porém, o desenrolar da história, e sobretudo, o seu desenlace lembra em demasia o típico western norte-americano recheado de bons, maus, vilões e umas “moças jeitosas”.
Entramos a meio da história, Jack Sully (Sam Worthington), ex-marine, é recrutado para integrar um projecto científico que visa aumentar o conhecimento relativamente aos Na’vi, tribo predominante em Pandora, o tal planeta secundário onde a raça humana extrai a sua principal fonte de energia.
Porém, a atmosfera do planeta é adversa aos humanos, o que aliada à tensa relação estabelecida com os habitantes locais, os obriga a desenvolver seres geneticamente modificados (os Avatar), “controlados” remotamente por humanos ainda que visualmente idêntico a um qualquer habitante Na’vi.
Numa expedição diplomática liderada pela Drª Grace (Sigourney Weaver), Jack (ou melhor o seu Avatar) desencontra-se dos seus colegas de investigação e é salvo por Neytiri (Zoe Saldana), uma princesa Na’vi que apesar de não nutrir a maior das admirações pelos humanos é incapaz de abandonar um ser que lhe é semelhante!
Dividindo entre 2 mundos totalmente antagónicos Jack irá aprofundar o seu conhecimento perante as motivações de ambas as partes, até que chegará o momento de confrontar a sua própria consciência!
Tal como referido na Antevisão James Cameron esperou 12 anos para apresentar este seu novo projecto e facilmente percebe-se porquê! O filme marca um antes e um depois (quem sabe ao nível de Matrix!) em termos visuais. O único senão é mesmo a falta de um ponto de exclamação em redor de uma história que merecia um pouco mais. Mas, também, no meio de tanta azafama, haverá quem se queixe de um ou outro precalço?
Indubitavelmente uma referência do cinema contemporâneo e um dos Melhores Filmes de 2009.
A questão que se coloca agora é (quando) irá o Império Contra-Atacar?