“Nas Nuvens (Up in the Air)” de Jason Reitman
Jason Reitman tinha prometido bastante com Juno…
… e ao 3º filme (o outro será Thank You for Smoking), o filho do realizador de Ghostbusters, arrisca-se a tornar-se um símbolo do novo cinema norte-americano!
Senhor de uma sensibilidade distinta e de um sentido de humor invulgar, Reitman tem a capacidade de conjugar, de forma completamente simbiótica, estas duas vertentes, construindo um produto a todos os níveis impactante e abrangente.
É essa frescura e renovação que torna o jovem (32 anos) realizador norte-americano num “produto” à parte, na actual conjectura Holywoodiana. Numa indústria marcada pelas grandes produções, pelos avanços tecnológicos ou pela exploração do sexo e da violência, surge um cineasta que pega no nosso dia-a-dia e o transforma numa obra de arte!
George Clooney faz de ele próprio, de quem ele poderia ter sido, de cada um de nós. Ryan Bingham é uma sujeito totalmente banal que, para além de ter o emprego mais chato e desgastante do mundo, vive isolado do mundo, sem qualquer contacto e relação.
E esse é o grande feito do actor norte-americano. Ao expor a sua vulnerabilidade e a sua “normalidade”, Clooney despe a capa de super-estrela e transforma-se no the man next door!
Daí os prémios obtidos, daí a mais que certa nomeação aos Oscars, daí a possível estatueta…
Mas não é só George quem enche a tela!
Vera Farmiga e Anna Kendrick ajudam (e de que forma!) a humanizar a história e o seu protagonista! Com registos bastante diferentes, de certa forma até antagónicos, ambas as actrizes deixam a sua marca num filme que vai muito para além do esperado.
Se os desempenhos são memoráveis, o que dizer do premiado argumento (Golden Globe, pelo menos) da co-autoria de Sheldon Turner e do próprio realizador?
Pegando num tema actualíssimo, e não vos falo necessariamente da questão do desemprego mas antes da solidão, Reitman desventra por completo todo o cinismo e enclausura de um indivíduo que se julga em controlo apenas por que “optou” por viver num mundo à parte!
Ryan Bingham (Clooney) tem por emprego despedir pessoas! A sua empresa é contratada para gerir situações de ruptura, o que o obriga a estar constantemente a entrar e sair de aviões (aeroportos, hotéis, restaurantes), viajando pelos quatro cantos dos EUA, enquanto aproveita os seus dotes comunicativos para notificar os trabalhadores da sua nova situação (e para acumular milhas no seu cartão de fidelidade).
Um dia conhece uma executiva (Farmiga) com um estilo de vida parecido com o seu, com quem estabelece uma peculiar relação.
Entretanto, uma nova filosofia empresarial leva a que Ryan seja acompanhado, numa nova viagem profissional, pela jovem e inexperiente Natalie (Kendrick).
Rodeado, pela primeira vez em muito tempo, por 2 mulheres contundentes Ryan, irá questionar alguns dos dogmas que sempre geriram a sua vida adulta.
Até que ponto estará ele certo… ou errado?
Há filmes que marcam uma época!
Apesar de não ser um clássico instantâneo, Up in the Air, é sem dúvida umas dessas obras que nos deixam perplexos quer pela sua actualidade/realidade quer pelo brilhantismo com que é representada e realizada.
E no meio disto tudo ainda temos um argumento sublime… qual cereja no topo do bolo!
Belo, singelo, conciso, real, inteligente, surpreendente, emotivo, arrebatador, sensível…
Se cinema é contar uma história… aqui está a melhor do ano!
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Teaser
Trailer
Trailer 2
O espírito do filme!