“Tudo Pode Dar Certo (Whatever Works)” de Woody Allen

Apesar dos seus quase 75 anos Woody Allen continua a manter a incrível cadência de apresentar um filme novo a cada ano. E se agora nos chega este Whatever Works é porque o seu regresso a Londres (You Will Meet a Tall Dark Stranger) está já em fase de pós-produção e o seu projecto em Paris encontra-se em pleno andamento para iniciar as gravações na próxima Primavera/Verão.

Nos meus tempos de (pré-)adolescência o cinema do mago de New York eram sinónimo de algo bizarro, intelectual, inacessível. Com o passar dos anos o distanciamento foi aumentando até que já em pleno séc. XXI reencontrei-me, de vez, com o cinema de Woody Allen.

Vicky Cristina Barcelona e, especialmente, Match Point são 2 filmes sublimes que demonstram em pleno (e de forma completamente díspar) todo o brilhantismo do realizador!

No regresso à sua New York (depois do périplo europeu), percebemos que nem sempre os astros tem de estar alinhados para apreciarmos a obra de Woody Allen!
Simples, eficaz e irreverente, Whatever Works apresenta Larry David como protagonista e, sobretudo, como alter-ego sublime do próprio realizador.

O co-criador da mítica série Seinfeld, encaixa na perfeição no texto e nos movimentos preconizados pelo autor/realizador/argumentista. David parece realmente uma versão melhorada e actualizada do “velho Allen” que invariavelmente protagonizava os seus próprios filmes nas décadas de 70 e 80… e 90.

Mas não só do seu protagonista vive o filme. O grupo de secundários liderado pela explosiva Evan Rachel Wood é realmente cativante e competente.
O argumento idealizado por Woody Allen demonstra, pela enésima vez, que “velhos são os trapos” e que o dom da escrita não está ao alcance de qualquer um.
Finalmente, a cidade-que-nunca-dorme demonstra que se mantém fiel aos seus, permanecendo totalmente disponível para o seu mestre!

É neste ambiente harmonioso que nos deparamos com Boris (David) – ou melhor que ele se depara connosco! – um génio alheado do mundo que olha a vida mundana de todos os que o rodeiam com o maior despesismo possível. Porém tudo irá mudar quando se depara com a inocente, perdida e tontinha Melody (Wood), uma jovem chegada do Mississipi que abalará a sua vida da forma mais inesperada.
A partir daqui uma série de imprevisto e malabarismo irão-nos conduzir por entre uma trama bem-humorada, salteada por alguns momentos mais emotivos e desgarrados!

Nos dias que correm o cinema de Woody Allen é quase como as obras de um qualquer pintor impressionista, existem as obras de arte, os quadros bonitos e aqueles que nos arrebatam… mas dificilmente encontramos um de que não gostamos!

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