“Um Homem Singular (A Single Man)” de Tom Ford
Depois da moda, Tom Ford arrisca-se a conquistar por completo a 7ª arte!
O famoso estilista que revolucionou marcas como a Gucci ou a YSL antes de se aventurar por conta própria… e tornar-se num ícone da moda masculina, estreia-se agora no cinema na exigente cadeira de realizador (e argumentista).
E vá se lá saber onde aprendeu aquilo tudo, A Single Man é antes demais um estonteante filme do ponto de vista visual. Mas nada de efeitos especiais ou imagens computadorizadas, Ford e o seu Director de Fotografia (o espanhol Edu Grau) trabalham cada pormenor do manuseamento da câmara, das tonalidades e gramagem das imagens, dos tempos e planos de cada cena, dos ângulos e detalhes de cada gesto.
Somos automaticamente transportado para os míticos anos 60 e para um mundo sombrio onde a dor, a redenção e a solidão se cruzam com preconceitos escondidos, amizades eternas e amores perdidos!
O ritmo pausado e nostálgico é progressivamente substituído por um tensão arrebatadora e por uma sensação inquietante face ao rumo que o filme assume.
Mas, por muito interessante que a história seja, o que nos prende realmente do 1º ao último minuto e a actuação de Colin Firth. Sem rodeios o melhor desempenho do ano!
Que me perdoem George Clooney, Morgan Freeman, Jeremy Renner ou (o inédito entre nós) Jeff Bridges mas o inglês é responsável por um daqueles papéis larger than life que nos surpreende a cada momento e que nos faz questionar onde começa o actor e onde termina a personagem!
Com um visual quase irreconhecível mas ao mesmo tempo natural, Firth foge por completo à imagem hirte que caracteriza a maioria dos seus filmes (pelo menos em terras do Tio Sam) e, libertando-se de preconceitos ou ideias pré-concebidas, deixa-nos completamente rendidos ao seu talento!
Ao encarnar (na verdadeira ascensão da palavra) um professor inglês de meia idade que “luta” a cada dia para superar a perda do seu amor de uma vida – o mais jovem Jim (Matthew Goode) – Firth é, numa palavra… FANTÁSTICO!
Não bastasse a sua dor interna, assistimos ainda ao seu deambular irrepreensível enquanto interage com o seu aluno mais interessado (Nicholas Hoult) e com a sua eterna amiga, e antiga amante, Charley (Julianne Moore).
Ainda assim, o filme é, em resumo, uma bonita História de Amor, repleta de momentos nostálgicos e dolorosos mas de uma beleza transcendente.
Para desfrutar… sem preconceitos nem impaciências!
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