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“Um Profeta (Un Prophète)” de Jacques Audiard


Tal como aguardado, um dos nomeados ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro!

Pleno de intensidade e simbolismo a obra de Jacques Audiard é um retrato humano e rigoroso de uma sociedade (francesa) e de uma cultura (europeia) repletas de preconceitos, hipocrisias, xenofobia e corrupção!

O galardoado realizador francês convida-nos a ver por dentro o complexo e desaconselhável sub-mundo do crime organizado, numa intersecção de franceses, italianos, muçulmanos e africanos.

Tendo por epicentro uma “típica” prisão parisiense, Audiard disseca de forma subtil e “desinteressada” as intensas ligações estabelecidas entre prisioneiros, guardas-prisionais e o próprio sistema judicial como um todo.

Mas, se o argumento e a realização demonstram inequivocamente que o cinema francês está bom e recomenda-se, o que dizer do desempenho do jovem actor Tahar Rahim.
Francês, de origem argelina, o estreante (em longas-metragens) actor já conquistou o prémio de interpretação nos European Film Awards e prepara-se para fazer o mesmo nos Césars (prémios do cinema Francês). E o mínimo que se pode dizer é que o reconhecimento é TOTALMENTE merecido!

Tahar carrega literalmente o filme às costas tal como um veterano, navegando por entre registos completamente antagónicos que vão da humilde inocência à plena maturidade, passando pela sapiência, esperteza, coragem, inconsciência e gratidão, tudo isto ao longo das quase 2h30 de filme.
E o mais impressionante, quer do desempenho quer da involvência próprio filme, é que na grande maioria do tempo este permanece limitado às quatro paredes de um cela…

Malik El Djebena (Rahim) é um jovem francês de origem árabe iletrado que aos 19 anos se vê condenado a 6 anos de prisão por um crime que ele afirma não ter cometido.
A sua discreta e pacífica passagem pelos presídios franceses rapidamente é-lhe negada pelos meandros próprios de uma organização que “ataca” os mais fracos e isolados, deixando-lhes apenas 2 soluções: sucumbir ou aderir!
Pela mão de César Luciani (Niels Arestrup), um mafioso de origem Córsega, Malik irá aos poucos subir na escala de importância de um influente grupo que controla toda a actividade (ilícita) da prisão… e não só!
Porém, o jovem “profeta” tem também os seus projectos em andamento.

Mais do que um hediondo retrato da vida prisional, a obra de Audiard funciona como um reflexo da própria sociedade. Ao invés de remeter os problemas para o interior das prisões, Audiard “mete o dedo na ferida” e demonstra as intensas ligações e semelhanças entre o interior e o exterior. Contrariando o bom senso Audiard não mantém a devida imparcialidade, optando por tomar partidos e apontar responsabilidades.
Em vez de ser mais um, Un Prophète é, na verdade, uma das grandes surpresas do ano!

Com 12 indigitações aos Césars, o filme lidera todos os nomeados, preparando-se em finais de Fevereiro para conquistar por completo o reconhecimento cinematográfico no grande Hexágono!

Falta saber apenas se ainda irá a tempo de contrariar o imenso favoritismo de Das Weiße Band nos Prémios de Hollywood!

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