“O Mensageiro (The Messenger)” de Oren Moverman
Mais uma pequena jóia saída do cinema independente norte-americano, premiada nos Spirit Awards com o prémio que Melhor Actor Secundário (ao que se deverá juntar a nomeação aos Oscars nessa mesma categoria, juntamente com a de Melhor Argumento Original).
A guerra e os seus efeitos na sociedade são, talvez, o principal trauma do cinema norte-americana e do mundo do entretenimento naquele país.
Para lá da propaganda política de adulação dos combatentes e da defesa das suas soluções bélicas, existe uma franja de autores (não tão pequena quanto isso) que se dedica a examinar e expor o outro “lado da moeda”.
Depressões, traumas, inadaptações, violência e, claro está, a morte são os temas mais sombrios desta política de guerra. Infelizmente, por norma, apenas a 7ª arte tem a coragem de os expor perante a sociedade civil.
Apesar de defender os intervenientes no terreno, o filme não esconde a sua posição perante as decisões das últimas administrações da Casa Branca (em especial a era Bush). A certa altura, o Capitão Tony Stone (Woody Harrelson) num acesso de raiva, vocifera para quem o quer ouvir “They should have every funeral televised.” … dá que pensar, não?
Ainda assim, o filme é sobre o “herói de guerra”, o Sargento Will Montgomery (Ben Foster), um membro das tropas estacionadas no Iraque que regressa a “casa” depois de ser ferido em combate. Através dele vislumbramos muitos dos senãos de qualquer guerra mas, neste caso, a situação será ainda mais complicada depois deste ser destacado para o Casualty Notification Team, uma task force do exército norte-americano que tem por função notificar os familiares das vitimas de guerra.
Unidos pelos traumas de guerra mas separados pela forma de actuar no decorrer das suas novas funções, Will e Tony encetam um périplo introspectivo enquanto se tentam habituar à vida fora do campo de batalha. E se tudo já era complicado, fica ainda mais tumultuoso quando Will se sente atraído por Olivia (Samantha Morton)… uma das víuvas notificadas!
Onde começa e onde acaba o Homem de Guerra?
Depois de una experiência tão traumatizante será possível a um qualquer soldado retornar ao seu “normal” dia-a-dia?
As regras existem para serem quebradas?
São muitas as perguntas por responder mas, também, muitas aquelas que Oren Moverman (no seu filme de estreia) tem a coragem de esclarecer… pelo menos de acordo com o seu ponto de vista!
E Woody Harrelson? Parece que, prestes a fazer 50 anos, reencontrou-se com os deuses da 7ª arte. Por onde terá andando durante os últimos 15 anos?