“Os Mercenários (The Expendables)” de Sylvester Stallone
Eu ainda sou do tempo de Rocky, Rambo e outros Bad Boys que povoavam o cinema musculado dos anos 80.
Mas não era só Stallone, tínhamos também Schwarzenegger (Comando e Predator, entre outros), Willis (Die Hard), Van Damme, Dolph Lundgren e, mesmo, Mickey Rourke.
Nesses filmes, recheados de testosterona e muitas balas, o herói sem medo enchia a tela a cada momento, com uma força, coragem e perícia indescritíveis, fazendo jus ao lema “sangue, suor e lágrimas”!
20 e alguns anos depois, Stallone senta-se atrás das câmaras e reúne um grupo invejável de eternos e actuais mauzões (dos actuais destacam-se Jason Statham e Jet Li), num filme que recupera, até ao mais ínfimo pormenor, a mística de uma geração que via na acção e na violência uma bela forma de escape do seu dia-a-dia.
Pois é, naquela altura não havia essa lamechisse de apregoar que a violência podia ser transmitida da grande tela para a vida real! Estes filmes da série B eram grandes fenómenos de audiência, apesar das críticas severas que muitos deles eram alvo. Bem mas isso eram outros tempos…
Ou talvez não.
Ross (Stallone), Christmas (Statham) e Yang (Li), formam o núcleo central de um grupo de mercenários que ganha a vida um pouco por todo o mundo, desempenhando as mais audazes missões disponíveis.
Esta estranha forma de vida leva-los-à a uma pequena ilha da América do Sul, onde um ditador oprime o seu povo em nome da sua riqueza própria. O seu contacto será a enigmática Sandra (Giselle Itié), uma jovem mulher com posições bastante firmes!
A meio da missão algo irá fazer com estes durões confrontem-se com as suas próprias prioridades…
O que torna esta obra diferente é que no meio de tanta porrada, explosões e tiroteios há, de facto, uma humanidade, um sentimento que une estes homens e que os faz supera os mais periclitantes perigos.
É desta camaradagem, deste espírito de equipa, do lema “todos por um e um por todos”, que vive um filme destinado (quase em exclusivo) ao público masculino.
Mas é, precisamente, essa frontalidade que torna o filme tão apetecível! Aqui não há concessões para agradar a críticos ou a audiências mais vastas. O único compromisso é com os apreciadores de um género que se pensava extinto mas que volta a demonstrar que quando um filme é bom, não interessa se está na moda ou se fere demasiadas susceptibilidades.
Vale sobretudo pela coragem em ir na direcção oposta, recuperando velhos protagonistas, géneros antigos e vícios de outros tempos… ou como prometeu um dia Schwarzenegger “I’ll be Back!“