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“Comer Orar Amar (Eat Pray Love)” de Ryan Murphy


Elizabeth Gilbert, escritora de profissão e infeliz por vocação, assume o centro do palco!

Adaptando o best-seller autobiográfico da (agora famosa) escritora, o filme acompanha a sublime aventura da norte-americana quando, durante um ano, decidiu correr o mundo (mais propriamente Itália, Índia e Bali) em busca de um sentido para a sua vida.

Depois de milhões de livros vendidos, a história é agora trazida para a grande tela, contando com a talentosa e sorridente Julia Roberts, com o charmoso Javier Bardem e… pouco mais!

Será demasiado ríspido afirmar que o filme é uma perfeita desilusão, no entanto, alguns momentos de brilhantismo e umas quantas imagens e mensagens espirituosas não bastam para tornar uma obra tão conceituada num filme de qualidade!

Porém, é precisamente aqui que reside (para mim) o ónus da questão! O que tornou a livro numa obra tão conceituada?

Ok que a viagem física e espiritual encetada por Liz tem os seus quês de cativante e deslumbrante. Ok que é preciso coragem (e um pouco de loucura) para levar aquilo adiante. Ok que a Srª acabou por se apaixonar, depois de encontrar a sua paz interior e depois de se enfartar com pizza (daí o título Eat Pray Love) mas daí a transformar o seu percurso em algo mais do que o livro de auto-ajuda para norte-americanas divorciadas e infelizes, aí já não posso concordar!

Dito isto, resta-me abordar, em exclusivo, a questão cinematográfica da situação.
Julia Roberts volta ao trabalho a tempo inteiro (depois do interregno maternal) para deixar uma marca bastante forte (ao estilo Erin Brokovich), assumindo o filme por completo e alternando de forma meticulosa momentos de óbvia depressão com outros de puro prazer pessoal. Os Oscars estão, para já, um horizonte bem longínquo mas não seria exactamente um surpresa… antes pelo contrário!

Javier Bardem, Robert Jenkins, James Franco, Billy Crudup, Viola Davis, Tuva Novotny e Luca Argentero cumprem as suas funções de auxiliares a uma história unipessoal e unidimensional em que tudo gira e revolve em torno de Liz Gilbert.

Aqui uma chamada de atenção para o televisivo realizador Ryan Murphy, bem mais habituado a um conceito distinto e que não funcionada tão bem em mais de 2h de filme. Falta um clímax, falta um crescendo de tensão, falta, por ventura, uma história!

Destinos eternos, paisagens deslumbrantes, vivências inesquecíveis permitem apenas aferir que viajar, passear e confraternizar é o melhor remédio para qualquer malapata… mas será que precisamos mesmo de Liz Gilbert para chegar a essa conclusão?

Desiludiu-me…

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