“O Eterno Solteirão (Solitary Man)” de Brian Koppelman e David Levien
Na semana de estreia em todo o mundo da tão aguardada e saudosista sequela do grande Wall Sreet, “apanhamos” Michael Douglas num registo bem diferente (será mesmo?) e introspectivo.
Longe das luzes da ribalta e do poder megalómano mas com o mesmo charme de sempre, Douglas interpreta um frio e egoísta cinquentão (ou mesmo sexagenário) que perde quase tudo… incluindo a moral e a honra.
Não há volta a dar. O filme vive totalmente do talento do veterano actor norte-americano que mais do que o carregar do início ao fim, enche por completo a tela sem receio de mostrar as suas fragilidades e as vicissitudes da própria vida.
Ben Kalmen (Douglas) foi em tempos um dos mais bem sucedidos revendedores de automóveis da zona leste. Formação de reconhecido prestígio, capa da Forbes e uma família que o estimava era alguns dos seus muitos atributos. Mas tal como o trailer “informa” o filme não é sobre a forma como Ben subiu na vida, mas sim, como em poucos anos perdeu tudo o que tinha. E quando se refere tudo, é mesmo sem hipérboles!
É realmente fantástico o caminho percorrido por Douglas enquanto desconstrói uma personagem exigente mas igualmente motivadora. A momentos dá a sensação que o actor tira realmente prazer desta figura um tanto ou quanto sádico-masoquista… mas que mantém, dentro do possível, a pose de superioridade perante os que o rodeiam.
Mais que habituados às típicas histórias do American Dream é sempre com grande desconfiança que olhamos para filmes que decalcam exactamente o oposto. Pelo que o seu percurso comercial estará, à partida, condenado a uma meia dúzia de fiéis seguidores ou de apreciadores de um cinema diferente.
Não haverá certamente tanta beleza nem glória nos tombos como nos sucessos mas há aqueles que o conseguem fazer com estilo… e Michael Douglas, apesar dos seus 66 anos, continua a fazer sentir a sua (imensa) presença.