“Dos Homens e dos Deuses (Des Hommes et des Dieux)” de Xavier Beauvois
2º filme francês mais visto do ano.
Vencedor do Grand Prix no Festival de Cannes.
Selecção francesa para a nomeação aos Oscars deste ano.
Um filme totalmente dispare daquele (Un Prophète) que encantou crítica e público o ano passado!
Onde Un Prophète era moderno, revigorante e incessante, Des Hommes et des Dieux é antiquado, entediante e monocrónico. De certa forma a obra de Xavier Beauvois é um passo atrás na recente emergência do cinema francês como um produto autêntico e abrangente!
Para completar o ramalhete só mesmo os constantes cânticos religioso a enquadrar uma acção demasiado fechada e distante.
Bem mas deixemos de “malhar” no filme porque, pese embora os seus evidentes “senão’s”, não deixa de ser uma obra com as suas particularidades…
Uma crescente tensão que quase nos faz mergulhar nos dilemas e receios que assombram este grupo de clérigos de forte convicções, uma precisão na decomposição de uma situação (verídica) que apesar dos seus contornos e das suas múltiplas perspectivas é apresentada com estranha e talentosa simplicidade e, acima de tudo, uma imensa história de vida que nos fará a todos ponderar sobre a forma como, muitas vezes, encaramos os nossos (mundanos) problemas… acabam por tornar aceitável um filme que noutro contexto poderia ser totalmente intragável!
Oito clérigos prosseguem a sua pacata e influente missão num convento perto de uma pequena aldeia argelina, onde se tornaram numa referência apesar das conhecidas diferenças religiosas. Porém, o alastrar do fundamentalismo religioso irá tornar este imperturbável grupo num alvo preferencial e perante o aumento da tesão em seu redor, eles irão demonstrar que há crenças que estão muito para além da comum percepção que (nós) temos do mundo.
Uma lição de vida (para todos nós) que contrasta largamente com a actual realidade individualista e consumista que percorre o mundo de lés a lés.
Um exemplo não será certamente suficiente para mudar o Mundo mas é inequívoco o seu impacto naqueles que tenham a abertura para assimila-lo como uma alternativa possível.
Certo?