“Indomável (True Grit)” de Ethan e Joel Coen
Depois do dúbio (e desnecessário, digo eu!) A Serious Man, os irmãos Coen voltam em grande forma com este True Grit! Totalmente esquecido nas nomeações aos Golden Globes, o filme ganhou novo fulgor artístico com as suas 10 nomeações aos Oscars!
E falamos apenas do reconhecimento artístico, porque o público já fez questão de o tornar na obra mais rentável (de longe!), de sempre, dos realizadores de Fargo, No Country for Old Men ou Burn After Reading!
Longe dos seus anos dourados, o western é um género quase desconhecido para uma geração que apenas o reconhece de filmes (brilhantes mas pontuais) como Dancing with Wolves ou Unforgiven!
Talvez por causa disso, a dupla de cineastas mais talentosa da actualidade, assumiu o desafio e envolveu-se de corpo e alma numa obra intemporal e memorável que promete perdurar na memória de todos.
Para tornar a questão ainda mais periclitante, os irmãos do Minnesota pegaram no mesmo romance que serviu de inspiração ao homónimo de Henry Hathaway, protagonizado por John Wayne (em Portugal “A Velha Raposa“), e transmitiram-lhe uma sensibilidade e uma emoção, quiçá invulgares na sua obra.
E se a dupla de realizadores excedeu-se no seu talento, muito do mérito do filme deverá ser partilhado com o trio de protagonistas, Jeff Bridges, Matt Damon e a (muito) jovem Hailee Steinfeld, que deram vida e cor a 3 personagens inesquecíveis!
Fresco da conquista do seu Oscar (por Crazy Heart), Bridges volta ao conforto do cinema dos irmãos Coen, com um registo distinto e intenso que parece feito à sua medida! Bêbado, implacável, incoerente e resoluto, Rooster Cogburn é um marshall do Oeste norte-americano com um longo passado a fazer cumprir a (sua) lei!
Mas a sua egocêntrica existência será totalmente abalada pelo surgimento da irrequieta e desbocada, Mattie Ross, uma jovem donzela que pretende vingar a morte do seu pai e que, para isso, contrata-o para perseguir o larápio Tom Chaney (Josh Brolin).
A completar este triângulo temos Laboeuf (Damon), um ranger do Texas que se juntará nesta caça ao homem, ainda que utilizando métodos totalmente distintos (o que não quer dizer mais eficazes!).
Os três terão de encontrar um improvável equilíbrio que lime as suas diferenças e una interesses. Mas com 3 personalidades tão conflituosas e com uma série de imprevistos a sucederem-se, não será fácil alcançar os seus intentos.
Para além da inquestionável qualidade da realização, dos desempenhos e do argumento, é obrigatório destacar o impecável trabalho de Fotografia (Roger Deakins), Som e Direcção Artística, que conferem ao filme uma aurea que se pensava perdida (no que aos westerns diz respeito!).
Completo, intenso, nostálico e arrebatador, True Grit é uma daquelas obras quase consensuais, oriundas de uma dupla de cinestas que tudo tem feito para não o ser!
O que faz com que, logo a seguir a Inception seja, provavelmente, o Melhor Filme do Ano!
Desconheço até que ponto a Academia estará disposta a premiar novamente (e em tão curto espaço de tempo!) os irmãos Coen e a sua obra. Ainda assim, nesta altura, de todos os favoritos (lote onde se excluir Inception pela leitura que é possível fazer das nomeações) parece-me que seria o mais justo dos vencedores!
Em suma, um Clássico!