“Somewhere – Algures” de Sofia Coppola

Ainda antes da cerimónia dos Oscars, (es)tivemos Somewhere!

Leone d’Oro em Venezia e apresentado como um dos possíveis candidatos aos Oscars deste ano, a mais recente obra de Sofia Coppola acabou por perder qualquer elã… que, também, não justificava!

Retrato intimista e depressivo da vida de uma jovem estrela de Hollywood, o filme tenta fazer com que tenhamos “pena” de um jovem, mimado e reputado actor que tem tudo à sua volta mas que se sente só e abandonado por todos!

Auto-retrato de um clã e de uma gente que desconhece a palavra “privações”, Sofia Coppola falha ao não satirizar descaradamente aquele que também é, de certa forma, o seu mundo.

Johnny Marco (preciso e sensível desempenho de Stephen Dorff) e Cleo (Elle Fanning) têm certamente os seus problemas familiares e existenciais mas, comparados com 99,99% da população mundial, são uns afortunados a quem nada falta (do ponto de vista material, certo!).

Indiscutivelmente que do ponto de vista artístico da 7ª arte, Somewhere será uma obra reveladora quer da capacidade de Sofia em transmitir as sensações exactas a cada momento quer do puro brilhantismo que são as cenas em redor da piscina ou a escolha da peculiar música dos The Strokes!
Porém, como filme (comercial), Somewhere confirma que Lost in Translation corre o sério risco de se tornar não na regra, mas sim, na excepção na sua obra!

Johnny Marco (Dorff) não será o mais simpático e sociável actor de Hollywood, apesar das festas e dos múltiplos encontros ocasionais. Num momento de pausa entre gravações a sua vida resume-se ao convívio com a sua filha Cleo que vive com a sua ex-mulher.
Perto de Cleo, Johnny parece um homem feliz mas quando a sua filha não está, ele como que vagueia por uma cidade onde é possível “andar solitário entre a gente“!

Não será surpresa para ninguém a confirmação que o cinema de Sofia Coppola é bem mais poesia que prosa porém, quando se entra nesse registo, o risco (de passar despercebido) é bem maior! E a jovem realizadora já comprovou ter o talento e o engenho para fazer bem melhor!

Um filme de momentos que quando “colados” resultam… num monte de frangalhos!
Goste–se ou não!

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