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“The Fighter – O Último Round” de David O. Russell


O mais peculiar é que, mesmo não sendo os seus protagonistas, o filme pertence por completo a Christian Bale e Melissa Leo (certamente os próximos vencedores dos Oscars de Melhor Actor e Actriz Secundários!).

Esse é sem dúvida o grande apelo deste filme. Para além da (banal) história do boxer que queria tornar-se numa lenda, o segredo está mesmo nas… enterlinhas!

Como em qualquer boa história (ou reportagem) o relevante não é “o quê?” mas o “como” e o “porquê?“. Enquanto nos tentamos esquivar, sem receios, aos feitos de Micky Ward, somos surpreendidos (literalmente no no estômago!), com o efeito que Dicky (Bale) e Alice (Leo), respectivamente irmão e mãe, tiveram na sua vida e, sobretudo, na sua carreira desprtiva!

Mais do que um filme sobre boxe, a obra de David O. Russell é sobre os efeitos nefastos que uma desequilibrada família (plena de boas, ou más, intenções e vícios) pode ter no seu mais inocente membro! Mas é também uma história sobre fraternidade, respeito e superação. Sobre viver na ilusão e na nostalgia, sem perceber que o futuro depende apenas de nós… Sobre perceber que nem sempre quem nos protege, está do nosso lado e que quem nos retém e nos abriga, muitas vezes apenas sufoca-nos e preocupa-se meramente com o seu umbigo!

E é aqui que entra Bale e Leo! O actor de Batman é quase irreconhecível, tanto física como espiritualmente, ao encarnar (ipsis verbis!) Dicky Eklund, o irmão mais velho de Micky Ward e antiga “lenda” do boxe que se deixou arrastar para as drogas e o crime, ao mesmo tempo que treinava o seu irmão mais novo… para o tornar o Melhor do Mundo.

Para além da questão física (que Bale já levou antes ao extremo, com The Machinist!), é, de facto, incrível toda a presença e carisma que o actor transmite a uma personagem, à partida, condenada a ser odiada e criticada por todos! Há uma certa áurea que o acompanha (que faz lembrar, curiosamente, o Joker de Heath Ledger) e isso está apenas ao alcance de poucos.

Quanto a Melissa Leo, a sua personagem é de tal forma desprezível e condenável, que só isso bastará para explicar o porquê de tanto louvor. De uma forma sádica e doentia, Alice Ward apenas pretende manter a sua família unida e o seu ganha-pão debaixo da sua asa. Rodeada de uma autêntica trupe (as suas outras 7(!) filhas!), Alice mantém todos (talvez à excepção de Dicky!) sob apertado controle, de forma a poder pavonear-se livremente e sem grandes remorsos!

Tal como aconteceu com Micky Ward na vida real, o grande prejudicado neste caso (cinematograficamente falando) acaba por ser, também, Mark Wahlberg. O ex-NKOTB, vê o seu esforço e dedicação a uma personagem memorável, ser encoberto pelo brilhantismo dos seus colegas! Mas, também ele, não se pode queixar. Com mais este desempenho de qualidade (a juntar a The Departed e Boogie Nights), o antigo cantor e modelo cimenta uma carreira como actor de primeira linha… contrariando muitas previsões (e invejas!).

Uma palavra final para David O. Russell, um realizador diferente que depois de surpreender pela ousadia de Three Kings e o non-sense de I Heart Huckabees, contrói uma história fascinante plena de sentimento emoção e glória!

Muitas vezes, o melhor da vida vem mesmo do sangue, do suor e das lágrimas!

2 Oscars garantidos… e outras 5 nomeações, tornam-o num dos filmes obrigatórios da temporada!

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