“Blue Valentine – Só Tu e Eu” de Derek Cianfrance
Sem dúvida uma das grandes revelações da temporada e um dos mais intimistas e sensíveis filmes do ano.
Michelle Williams (nomeada ao Oscar) e Ryan Gosling (uma tremenda injustiça a sua não-nomeação!) formam um jovem casal, pais de uma menina, que revê toda a sua relação numa intensa e reveladora noite passada… num dúbio motel.
Mas Derek Cianfrance não se fica apenas pelos momentos mais tensos. Em simultâneo conhecemos de onde nasceu aquela paixão arrebatadora e como a mesma foi construída, passo a passo por um casal que agora conhece o outro lado da felicidade…
É com uma intensidade marcante que vamos acompanhando, em paralelo, o nascer e o ocaso de uma relação (que podia ser a de qualquer um de nós!). Porém, ela é também o reflexo dos nossos dias!
Em pouco mais de 6 anos, uma bela história de amor transforma-se num periclitante confronto de personalidades, com consequências aparatosas e imprevisíveis.
Mas voltemos ao desempenho do duo de protagonistas. Michelle Williams transporta consigo uma alegria e, em simultâneo, um dor imensa que lhe condiciona o comportamento e nos faz desconfiar de cada uma das suas acções. Já Ryan Gosling parece um verdadeiro camaleão, assumindo um contraste de fisionomias, de atitudes e de sentimentos que nos obriga a questionar o que provocou tamanha mudança.
Longe de grandes produções e até de complexas estruturas, Blue Valentine oposta tudo na simplicidade e na acutilância com que põe o dedo literalmente na ferida. Completamente a nu e com as emoções à flor da pele, ambos os protagonistas deixam-se levar por uma história em constante crescendo até ao clímax final, envolto num contexto claro e acessível.
É daquelas obras que, acima de tudo, alerta-nos para as armadilhas de uma relação quando ambos os seus intervenientes deixam-se levar pela apatia, pelo egoísmo e pelo desencanto!
Depois da Paixão é suposto vir o Amor!
Mas o que acontece quando a chama se apaga?
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