“Homens de Negócios (The Company Men)” de John Wells
Há filmes que nos marcam e há aqueles a que somos indiferentes… e depois temos aqueles que reflectem de forma mordaz a nossa própria existência.
Ver The Company Men é como assistir a uma versão cinematográfica da minha (e de muitos que conheço) vida profissional nos últimos meses!
Ver as similaridades entre a ficção e a realidade, faz-nos perceber que a forma sádica e egoísta como os problemas actuais são encarados é a mesma, um pouco por todo o Mundo!
O luxo, a avareza e o interesse próprio, sustentados por vergonhosos salários auferidos por uns, contrastam com as carências, as necessidades e a solidariedade de milhares… tudo isto em prol de um ideal capitalista de riqueza que chega a ser quase pornográfico, tal a descrepância entre os mais ricos e os medianos (já para não falar dos mais pobres)!
Para encarnar os protagonistas um quarteto de enorme talento: Ben Affleck, Chris Cooper, Tommy Lee Jones e Kevin Costner. Apesar de já os termos visto em diferentes registos, todos cumprem plenamente o seu papel, transmitindo uma autenticidade e uma credibilidade merecedora dos maiores elogios. Para mais num filme que vive em exclusivo da sua história e das emoções que transmite, a qualidade dos desempenhos assume ainda maior destaque.
O filme desenvolve-se em torno da vida de 3 executivos de uma grande empresa norte-americana que são afectados, cada um à sua maneira, pela crise que assola o país (e todo o mundo ocidental!). Num período de enormes cortes orçamentais e de intensa pressão bolsista, o downsizing parece ser a solução mais lógica a adoptar mas depois de se começar a despedir pessoas, onde acabará a bola de neve? E como irão reagir aqueles que de um dia para o outro se virem praticamente sem NADA?
Retrato fiel da nossa economia actual, o filme, apesar de apontar o dedo a alguns, não iliba, de todo, o comportamento de uma sociedade que se habituou a gastar para além das suas possibilidades e que vive o dia-a-dia sempre até ao limite. Se conseguir alertar alguns para o risco e a irracionalidade das suas decisões consumistas e esbanjadoras, já terá cumprido os seus requisitos mínimos! Se conseguir alterar (não que seja um milímetro) a ENORME disparidade que existe entre alguns Bilionários e os demais, terá sido um enorme sucesso!
Ainda assim, mais do que um filme político ou económico, a obra de estreia de John Wells resulta num agradável serão cinematográfico pleno de emoções e discussões.
Infelizmente, para mim, The Company Men não são apenas 2h de entretenimento mas sim, uma viagem a um passado demasiado recente que teima em não desvanecer…