“A Minha Versão do Amor (Barney’s Version)” de Richard J. Lewis
Grande vencedor dos “Oscars” canadianos (com 7 estatuetas), o filme foi totalmente esquecido em terras de Tio Sam (ok, sempre houve aquela merecidíssima nomeação ao Oscar de Melhor Caracterização) mesmo depois do inesperado Golden Globe para Melhor Actor de Comédia/Musical arrebatado por Paul Giamatti!
Esta amnésia colectiva fez com que o seu percurso internacional fosse restrito a meia dúzia de cabeças duras com a curiosidade necessária para perceber de que se tratava.
Bem… e muita embora nos possamos rir, a momentos, com a incoerência de Barney Panofsky, não estaremos, de todo, perante uma comédia (como o Golden Globe poderia indiciar)!
Barney (Giamatti) é de facto um homem peculiar, o que torna a sua versão (do Amor) algo transcendente!
Durante pouco mais de 2h resignamo-nos ao que Barney pensa, sabe e sente. Todos os que o rodeiam são nos apresentados à medida que também eles os conhece e qualquer alteração nas suas relações são igualmente apresentadas no momento em que Barney “sente” essa modificação!
Mas a vantagem é que a vida de Barney é, realmente, algo… diferente!
Alternando a sua vida actual com o seu percurso sui generis, vamos conhecendo os seus amigos de longa data, as suas esposas (sim, no plural!), o seu pai (Dustin Hoffman), os seus filhos e, sobretudo, a sua imensa lata e desenvoltura.
História da vida, recheada de alegrias, tristezas e frivolidades, sentimos um intenso misto de repulsa e compaixão por uma personagem que ficará na retina de todos que tenham a curiosidade de ficar a conhecer um indivíduo… apaixonante!
Neste aspecto Paul Giamatti merece todo e qualquer elogio. Longe de ser um galã ou um herói da 7ª arte, o actor do Connecticut construiu um carreira à parte do normal percurso de Hollywood, subindo a pulso numa indústria que vive da imagem e do sex appeal dos seus protagonistas. E este Barney não podia ser melhor exemplo!
Mas seria de todo injusto não destacar, igualmente, o desempenho de Minnie Driver, de Rosamund Pike e, inevitavelmente, de Dustin Hoffman, que junto a Giamatti formam uma “família” totalmente disfuncional mas emblemática.
Ainda assim, a principal surpresa vai para o “papel” da Caracterização! Na altura da sua nomeação aos Oscars parecia totalmente descabida mas depois de o ver ficamos rendidos ao trabalho desenvolvido…
Um daqueles filmes que se deve ver de coração aberto, mesmo correndo o risco dele nos arrebatar por completo!