“Água aos Elefantes (Water for Elephant)” de Francis Lawrence
Devo confessar as minhas fortes reservas iniciais perante o filme…
O frenesim (adolescente) em torno do “vampiro” Pattinson condiciona por estes dias qualquer tentativa em avaliar o seu verdadeiro potencial enquanto que Reese não será propriamente o meu protótipo de actriz de qualidade indiscutível!
De qualquer forma, a presença de Christoph Waltz (como mau da fita, obrigatoriamente!) seria uma indicação de que haveria sempre algo superior no filme.
Quanto ao actor austríaco não me enganei nem uma vírgula! Depois do seu fabuloso desempenho em Inglourious Basterds, Hollywood tem-lhe “oferecido” todo e qualquer papel que ele queira aceitar… desde que faça de mau! E se em The Green Hornet ele gozava um pouco com esse seu ar implacável, desta vez o registo é bem mais contido e contundente! Depois disto começa-me a parecer difícil que algum dia faça de herói romântico em qualquer produção made in USA!
Quanto ao par de protagonistas, ainda que a momentos note-se alguma falta de química entre os dois, conseguem-se segurar com firmeza às suas personagens, não comprometendo o desenrolar de um filme que oscila entre o sonho e o pesadelo de um velho saudosista.
Perdido numa noite, um velho simpático (Hal Holbrook) irá deparar-se com o circo local que se prepara para encerrar as portas. Convidado a descansar um pouco ele irá contar a história da sua vida. De como um jovem veterinário passou a fazer parte do mundo circense, de como conheceu a bela Marlena (Witherspoon) e de como confrontou os métodos “indelicados” de August (Waltz), marido desta e dono do circo. Mas como qualquer História passada da Grande Depressão, também a vida de Jacob (Pattison) não foi propriamente um mar-de-rosas.
Face ao agradável resultado final, o merecido destaque vai para o romance de Sara Gruen (no qual o filme é baseado) e para o trabalho de Francis Lawrence que depois dos fantasiosos Constantine e I Am Legend abarca aqui um género totalmente diferente. E se o já referido enlace amoroso peca por alguma falta de emotividade, o mesmo não se pode dizer da verdadeira homenagem que o realizador austríaco faz aos anos dourados (mas muitas vezes perversos) dos circos itinerantes nos EUA.
Várias vezes faz lembrar o precioso Big Fish (de Tim Burton)… e isso será já, em si, elogio suficientemente grandioso para um obra tão modesta!
Em suma, um bom contraponto para os múltiplos filmes de acção e super-heróis que invadem os cinemas nacionais por esta altura.