“Hanna” de Joe Wright
Entre antestreias, sessões especiais em festivais e as estreia nas nossas salas de cinema, o comentário ao mais novo filme de Joe Wright (Atonement, The Soloist) foi resvalando até à sua semana de estreia nos cinemas nacionais.
Cabeça de cartaz na Sessão de Abertura do mais recente FEST, o filme conta com um elenco de luxo, liderado pela jovem Saoirse Ronan que é acompanhada por Eric Bana e Cate Blanchett, nos principais papéis.
O filme conta a história de uma jovem rapariga (Ronan), reclusa do mundo exterior que durante toda a sua infância apenas conheceu o seu pai (Bana) e os segredos dos bosques, das montanhas e da sobrevivência. Treinada desde muito pequena para “adaptar-se ou morrer” a jovem adolescente não resiste à tentação de sair do seu casulo e conhecer o mundo que a rodeia.
Mas lá fora, uma intrépida agente da CIA (Blanchett) tudo fará para a caçar… é que Hanna guarda, em si, alguns segredos que não interessa revelar.
Apesar da condição especial de Hanna, a preocupação primordial de Joe Wright é de demonstrar que todos os seres humanos (por mais reclusos e implacáveis que possam parecer) sentem uma constante necessidade de socializar com os seus pares.
Desta forma, antes de ser um thriller, Hanna é um road movie, onde a protagonista procura conhecer melhor um mundo que desconhece e, em última análise, a si mesma!
Num misto de ensaio social e filme de acção, Hanna é um avanço na carreira do realizador inglês que demonstra toda uma versatilidade e sensibilidade para abordar diferentes géneros e narrativas. Com um ritmo incessante, a que não é alheia a banda sonora a cargo dos The Chemical Brothers que marca, de forma irrepreensível, cada cena, cada surpresa e cada revelação, o filme mantém todos em suspenso até ao desenlace final.
Do elenco, destaque óbvio para o trio de protagonista, do qual se destaca a jovem Saoirse (em cartaz também com The Way Back) com um desempenho implacável num misto de ingenuidade e brutalidade que deixa antever uma carreira profícua para a jovem de origem norte-americana (mas que nasceu e cresceu na Irlanda).
Um filme que com o tempo poderá tornar-se num sério case study.
Para já, vale pelo ensaio social (e humano) meticuloso que se esconde por detrás de uma obra de acção implacável.