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“Os Descendentes (The Descendants)” de Alexander Payne


Os Golden Globes de Melhor Filme – Drama e Melhor Actor Principal – Drama, deixavam antever um dos melhores filmes do ano… mas, infelizmente, o filme não é exactamente a obra-prima que se esperava.

Em função dos prémios e dos elogios, acabamos por ficar à espera de sermos deslumbrados a qualquer momento… e isso nunca acontece!
Alexander Payne não é senhor de filmar grandes momentos heróicos, nem grandes revelações. O realizador de Sideways e About Schmidt é, sim, homem para nos dar a conhecer algumas das mais sinceras e despretensiosas histórias da vida real.

Desta vez o seu olhar intimista é depositado numa família disfuncional e mais precisamente no seu patriarca (George Clooney), a viver um momento delicado após um acidente de barco ter colocado a sua mulher em coma.
Com duas filhas para cuidar, uma disputa familiar por resolver e alguns segredos por descobrir, Matt King, parece incapaz de lidar naturalmente com as novas situações da sua vida.
Mas afinal quem estaria preparado para sobreviver a tudo isto?

Os descendentes é, antes de mais, um retrato (ou vários) sobre a herança que cabe a cada um. As memórias que guarda, os bens que conserva, o legado que eterniza. Existem muitas formas de filmar a dor, o desespero e a desorientação e nenhuma é bonita.

Clooney, tal como acontecia de certa forma em Up in the Air, deixa de lado a sua imagem de galã para interpretar o papel de um homem comum, igual a qualquer um de nós, que vê a sua vida dar uma volta de 180º sem nada fazer por isso. Mais do que tentar criar qualquer tipo de empatia ou identificação com a personagem, o brilhantismo do seu desempenho reside precisamente na desconfiança que mantemos perante o seu comportamento ou responsabilidade. Estará ele realmente ciente da consequência dos seus actos e dos daqueles que o rodeiam ou viverá ele de tal forma isolado do mundo que TUDO o surpreende!

Tal como na vida real pouca coisa é indiscutível e nada é assim tão linear!
O certo e o errado foram há muito substituídos por diferentes pontos de vista ou por pesos e medidas distintos. Em cada situação com que nos deparamos, tomamos as nossas decisões e definimos o nosso rumo. Criticar é fácil, tomar as decisões é que é a parte difícil.

Não é o melhor filme do ano mas também não é isso que o fará um filme menor ou desprezível!
Se valer a Clooney o Oscar (de Melhor Actor principal) já terá alcançado o devido reconhecimento!

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