“Martha Marcy May Marlene” de Sean Durkin
O olhar de Elizabeth Olsen diz muito mais do que todo o filme!
Janeiro foi um mês complicado (recheado de novas estreias e filmes alucinantes) e isso obrigou a deixar em atraso o comentário a alguns filmes.
Um deles é este Martha Marcy May Marlene.
O sucesso do filme no Sundance Film Festival lançou-o num importante percurso artístico, coleccionando elogios e prémios.
Uma das grandes revelações do filme foi Elizabeth Olsen que, praticamente do nada, arrancou os mais mais rasgados louvores e criou quase instantaneamente uma carreira na 7ª arte.
Outro dos grandes beneficiados foi John Hawkes (num papel a lembrar Winter’s Bone) num registo intimidatório e arrepiante que assusta… ao primeiro olhar!
Curiosamente a presença de Hawkes obriga, precisamente, à associação a Winter’s Bone. Ambos contam a história de uma menina “indefesa” que se vê envolvida por um mundo sinistro e assustador, no interior norte-americano. Porém, a minha visão dos filmes é definitivamente afectada pela expectativa criada relativamente a ambos. É que estavam ao …. contrário!
Winter’s Bone não é um filme sobre uma rapariga “refém” da sua sociedade e Martha não é a rapariga forte que afronta os seus demais!
Com isto, o 1º filme acabou por revelar-se uma agradável surpresa, enquanto o 2º suou a infeliz decepção!
Elizabeth Olsen carrega (literalmente!) o filme às costas!
Durante 1h30 vamos conhecendo a sua história recente, os seus estranhos hábitos, os seus “amigos” duvidosos e as razões que a levaram a … fugir! Em paralelo vamos sentindo também, a dificuldade que Martha revela ao tentar regressar a uma sociedade que já não é a sua. Os longos flashbacks ajudam a perceber o estado débil em que ela se encontra mas para mim, não serão suficientes para justificar o seu estado psicótica!
Tal como já evidenciei por diversas vezes (a última das quais em Melancholia) tenho imensa dificuldade em aceitar estas personagens alheadas da sociedade que limitam-se a viver da sua completa depressão… como se isso fosse uma obrigação! E custa-me ainda mais valorizar estes desempenhos!
No caso de Elizabeth Olsen a depressão é intervalada por alguns momentos de puro vazio de alma que ajudam a “justificar” tamanha comoção em torno do seu desempenho.
Mas se a mana mais nova do clã Olsen deu muito nas vistas, John Hawkes merece igual consideração. É que se fazer de bonzinho já não é fácil, alguém fazer de mau e com esta qualidade é cada vez mais difícil de encontrar!
Ainda consigo perceber o porquê de tanta atenção, apenas não partilho da opinião!
Talvez seja (cinema) independente demais para mim…