“A Pesca do Salmão do Iémen (Salmon Fishing in the Yemen)” de Lasse Hallström
Com esta história dos passatempos, os comentários acabam por ficar um pouco atrasados. Vamos lá tentar recuperar do atraso!
Salmon Fishing in the Yemen vinha rotulado como a comédia inglesa do ano, talvez um fardo demasiado pesado para carregar, uma vez que o cinema britânico atravessa uma das suas melhores fases de sempre.
Com isto, este simpático filme corre o sério risco de ser encarado como uma grande decepção quando na verdade trata-se de uma obra coerente, engraçada e suficientemente competente para nos fazer sentir agradados pela experiência.
É verdade que Emily Blunt parece mais à vontade em The Five-Year Engagement e que Ewan McGregor não é tão engraçado quanto Jason Segel, mas a pesca do salmão não será, forçosamente, o deporto mais inspirador do mundo, muito mais no Iémen, certo?
Baseado no romance homónimo de Paul Torday, o mais recente filme de Lasse Hallström confirma que o realizador sueco é um brilhante contador de histórias, mesmo que muitas vezes não lhes transmita aquela virilidade que as ajudariam a tornar-se inesquecíveis!
O acaso e as respectivas obrigações profissionais irá juntar Harriet (Blunt) e Alfred (McGregor) ao mutimilionário Sheikh Muhammed (Amr Waked), uma magnata do petróleo do Iémen que tem uma paixão bem europeia, a pesca do salmão, um peixe que desafia as leis na natureza e, todos os anos, sobe os rios para desovar.
É neste espírito de impossibilidades que o Sheikh (com a ajuda de MUITO dinheiro) convence umas quantas personalidades britânicas a auxiliá-lo na sua empreitada que passa por instalar, em pleno Iémen, uma vasta albufeira que permita a prática na pesca desportiva em pleno deserto!
Mais do que o resultado final, o filme é sobre a viagem – física e espiritual – encetada por todos os intervenientes neste projecto irreal.
Recheado de metáforas que comparam as nossas vidas às de uma peculiar espécie de peixe, esta comédia é bem mais dramática do que seria de esperar.
O bom-humor acompanha estas personagens desenvolvidas para serem “normais” mas quando lidamos com “pessoas reais” as surpresas tanto podem ser doces como amargas (ou salgadas ;).
À parte da desnecessária (e avultada) expectativa criada em seu redor, estamos perante uma história inspiradora que nos diz bem mais do que aquilo que esperaríamos.
A vida nem sempre é linear, e nada como pescar salmão no Iémen para relativizar qualquer mudança no nosso quotidiano, certo?
Deu gosto ver mas não vão à espera da melhor comédia britânica do ano, ok!