“O Ditador (The Dictator)” de Larry Charles
Borat tornou Sacha Baron Cohen numa estrela mundial (muito antes do Golden Globe). Pese embora a rudeza da larga maioria dos momentos cómicos, tratava-se inquestionavelmente de algo diferente e “muito à frente”!
Brüno terá sido mais menos do mesmo e a sua participação no premiado Hugo, demonstrou que há muito talento para lá daquelas maluqueiras.
É neste espírito que nos chega este The Dictator. A primeira observação vai para a tentativa do actor inglês (e do realizador Larry Charles) em apresentar uma imagem ligeiramente mais “normal”.
O general Haffaz Alladeen está longe de ser uma pêra doce mas ao contrário dos outros protagonistas a que Sacha deu vida, ele tem uma humanidade diferente… mesmo tratando-se de um ditador altamente racista, machista, xenófobo e egocêntrico.
Desta vez todos os intervenientes são actores – não há cá apanhados nem hidden-cameras – e tudo parece bem mais controlado e comedido. As loucuras têm bem mais propósito do que em anteriores colaborações entre protagonista e realizador e, na verdade, há uma certa mensagem política que parecia improvável no cinema deles.
Wadiya é governada por um implacável ditador (Cohen) que tem deixado a comunidade ocidental em polvorosa graças à sua obsessão pela construção de uma “arma de destruição maciça” e pela sua forte instabilidade emocional.
As suas última decisões políticas fazem aumentar a pressão internacional sobre o seu pequeno país, obrigando o General a uma viagem a Nova Iorque para discursar nas Nações Unidas. Porém, algumas movimentações internas irão desencadear um imprevisto percurso que obrigará o general a alguns momentos de introspecção(?).
É verdade que estamos perante uma comédia desgarrada com alguns momentos hilariantes e outros desconcertantes, porém o factor surpresa está praticamente gasto e o lado mais humano não chega a convencer plenamente.
Sacha Baron Cohen e Larry Charles terão de se esforçar bastante para encontrar outro conceito que volte a marcar e a trazê-los de volta para as luzes da ribalta.
Claro que isto não quer dizer que até lá não encham os bolsos com mais esta obra. Em tempos de crise e depressão colectiva nada como extravasar energias a rir à gargalhada… nem que seja com as idiotices de meia dúzia de malucos.
Ficou aquém das expectativas mas também não me parece de bom tom (nem sinal de grande equilíbrio mental) esperar muito desta malta!
O Ben Kingsley (e o John C. Reilly) também andou por lá mas ninguém quer saber dele, pois não?