“Sombras da Escuridão (Dark Shadows)” de Tim Burton
Tim Burton e Johnny Depp voltam a encontrar-se num set de cinema… curiosamente o resultado final acaba por não ser o esperado!
À oitava colaboração os dois mestres da 7ª arte terão concretizado, muito provavelmente, o menos conseguido dos seus filmes em conjunto. Depp continua brilhante como sempre, já Burton acaba por demonstrar uma inconsistência… de certa forma imprevisível.
Dark Shadows começa como filme de terror, tal como a larga maioria das obras de Burton, mas rapidamente deriva para o estilo de comédia negra tão caracteristico do trabalho do realizador. Porém, durante a larga maioria do tempo, o filme mantém-se indefinido entre a homenagem aos loucos anos 70, a doçura do terror pela mão de Burton e a espiritualidade de uma família totalmente disfuncional.
Barnabas Collins (Depp) passou 2 séculos(!!) acorrentado num caixão depois de enfeitiçado por Angelique Bouchard (Eva Green), tudo por um amor não correspondido.
De novo livre, em plena década de 70 (do século passado), Barnabas decide regressar a casa, onde irá encontrar uma família totalmente surreal. A matraiarca (Michelle Pfeiffer), a sua filha (Chloë Grace Moretz), a psicóloga de serviço (Helena Bonham Carter) e o criado (Jackie Earle Haley) são algumas das personagens mais suculentas alguma vez criadas por Burton mas o filme não lhes faz de todo justiça.
Acabamos por nos ter que contentar com o duelo em Barnabas e Angelique e sabe a pouco!
Dark Shadows é baseado na série televisiva dos anos 60-70 com o mesmo nome (da qual, confesso, nunca tinha ouvido falar) e talvez resida precisamente nisso o seu calcanhar de Aquiles.
Ao tentar englobar demasiada informação, Burton acaba por perder o rumo e deixar-nos apenas um retrato magistral mas estático desta família. Falta alma a uma história com um potencial tremendo… quem diria!
Em termos visuais o filme acaba por cumprir plenamente, também graças a um elenco de enorme talento mas se a história é intermitente o desenlace é do mais elementar que pode existir.
Desilusão é o que se sente no final!
Não que o filme seja, de facto, fraco, mas a fasquia está bem alta e Burton simplesmente não cumpre os mínimos a que nos habituou.
Depp voltará em The Lone Ranger, Burton estreia, ainda este ano, a sua mais recente animação Frankenweenie. A sorte do cinema é que é uma máquina em constante movimento e há sempre algo de novo a chegar (ainda bem para eles!).
Meramente razoável. Mas com alguns recortes deliciosos.