“Até que o Fim do Mundo nos Separe (Seeking a Friend for the End of the World)” de Lorene Scafaria
Steve Carell fez carreira graças à sua veia mais cómica e irreverente, seguindo o percurso normal de tantos outros comediantes norte-americanos: SNL-TV-CINEMA.
No entanto, por muito que o seu “ganha-pão” continue ligado ao cinema mais ligeiro, filmes como Dan in Real Life, Crazy, Stupid, Love. e agora este Seeking a Friend… têm revelado um actor com outra dimensão! Irremediavelmente, mesmo ao abordar temas mais sérios, encontramo-nos muitas vezes de sorriso nos lábios na expectativa do que virá de seguida mas isso é um peso que jamais conseguirá afastar.
Reside, muito provavelmente, aqui o grande segredo deste filme, a capacidade de nos manter alegres (e a momentos até divertidos) mesmo perante a calamidade que está prestes a cair (literalmente!) sobre a cabeça dos protagonistas… e demais personagens, logicamente.
Neste aspecto Keira Knightley é uma rapariga mais treinada. A jovem e talentosa actriz inglesa, ainda que abusando da sua imagem mais frágil e indefesa (facto recorrente nas suas obras pós-Pirates of the Caribbean), consegue transmitir uma naturalidade inquebrável a uma personagem deveras complexa.
É pois este o duo que atravessa a América – em busca de redenção(?) – em vésperas de um gigantesco asteroide embater com o nosso planeta. Ele desfeito pela mulher que o abandonou de forma abrupta e sem um plano para os seus últimos dias. Ela perdida no mundo após mais uma relação falhada e um reencontro com os seus familiares, tornado impossível pela tragédia eminente!
Chegarão a tempo… ?
Pese embora a pouco previsibilidade dos factos retratados, o que indiciaria, desde logo, uma posição mais distante e fria face ao ocorrido, o desempenho dos protagonistas, assim como o rumo que o enredo persegue, obriga-nos a uma análise bem mais introspectiva e pessoal.
Mediante o fatalismo anunciado, somos confrontados com diferentes atitudes e estados de espírito. Para alguns, sentimentos e acções são levadas ao extremo enquanto outros preferem uma posição mais recatada e pessoal. Afinal cada um tem o direito de escolher o que quer.
Um filme violento, alegre, inspirador, depressivo mas, acima de tudo, uma visão romântica de como o fim pode trazer ao de cima o melhor (e o pior) de cada um de nós!
Recomendado!
Há músicas que ficam bem nos filmes…