“Mata-os Suavemente (Killing them Softly)” de Andrew Dominik
Suou a desilusão mas também não podemos ser demasiado injustos.
Depois de The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford, Andrew Dominik volta a contar com um Brad Pitt em alta rotação, num filme que envolto nas mais altas expectativas acaba por não corresponder na plenitude.
Dominik continua a demonstrar um talento invulgar, presenteando-nos com algumas das mais marcantes cenas de 2012.
Pitt, com um registo meticuloso e cirurgicamente cool, convence do primeiro ao último segundo, e “quase sem esforço” corre o risco de voltar a seu nomeado para os Oscars!
James Gandolfini, num papel um pouco ao estilo do seu Tony Soprano, acaba por dar um ar mais leve a um filme todo ele tenso e inquietante que nos faz esperar o pior ao dobrar de cada esquina.
E, finalmente, Scoot McNairy e Ben Mendelsohn que nos papeis dos 2 idiotas que assaltam a casa de jogo clandestino, acabam por quase “roubar” o filme a pesos pesados tão reconhecidos como Pitt, Gandolfini, Jenkins ou Ray Liotta!
Curiosamente, do somatório das partes, aos quais temos ainda de juntar a acutilância dos discursos do candidato democrata Barack Obama – em plena campanha eleitoral para a sua primeira eleição -, acaba por resultar um todo que não lhes faz justiça!
Depois de um casino clandestino ser assaltado, o Sindicato chama um profissional para encontrar os responsáveis por um crime que abalou a “economia” local, ainda por cima num período de crise!
Mas Jackie (Pitt) não é um assassino qualquer. Metódico e idealista rapidamente os idiotas responsáveis pelo crime serão identificados e “julgados”. A única diferença é que Jackie gosta de fazer o seu trabalho… harmoniosamente.
Faltou algo para cativar e viciar o público. A subtileza das críticas ao capitalismo selvagem e o seu paralelismo com o imprevisível mundo do crime organizado, acaba por transmitir ao filme uma dimensão demasiado erudita, especialmente quando as expectativas iriam de encontro a algo mais carnal e físico.
Andrew Dominik já tinha demonstrado anteriormente que não é um realizador fácil e direto. Reside precisamente aí, o maior encanto pelo seu trabalho mas, também, a principal característica que o afasta do grande público e da satisfação plena com o seu cinema.
Algo me diz que, mais tarde ou mais cedo, acabará por seguir o exemplo de muitos, e muitos autores (de cinema) e oferecer-nos uma obra mais consensual e abrangente… para o bem e para o mal!