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“Anna Karenina” de Joe Wright


Nas últimas semanas do ano temos assistido a uma série invejável de filmes que irão certamente marcar o ano de 2012. Skyfall deu o tiro de partida, seguido de Argo, o magnífico Cloud Atlas e (em breve o comentário!) The Perks of Being a Wallflower!

Anna Karenina deveria supostamente estar neste patamar – pelo menos eram essas as expectativas – no entanto, acaba por seguir o exemplo de Killing them Softly e figurar bem mais no lote das desilusões.

Joe Wright não “sabe” fazer filmes maus, nem tão pouco aborrecidos… bem, pelo menos, até certo ponto!
Anna Karenina foge, naturalmente, aos normais padrões do cinema actual. Desta vez temos um teatro que serve de cenário à maioria das cenas (ou pelo menos do elemento central de toda a acção), funcionando quase como uma peça ou um espectáculo de marionetas, onde as personagens viajam de cena em cena de forma fluída e constante.

Com isto o filme ganha um ritmo incessante. Cena após cena, revelação atrás de revelação, drama atrás de drama, não há momentos mortos, não pausas, não há cortes. Com um movimento (de câmara) apenas passamos de Moscovo para S. Petersburgo, do comboio para o campo, da ceara para o escritório. A direcção artística é, de imediato, um dos grandes candidatos aos Oscars mas um filme não pode viver apenas do mise en scène.

É que a opção funciona muito bem durante a primeira meia hora e depois… desvanece!
Muita da responsabilidade vem do desempenho dos protagonistas. Keira Knightley, Aaron Taylor-Johnson e Jude Law são competentes na sua função mas nada mais!
Keira repete em demasia o boneco que já vimos noutras situações (A Dangerous Method, Atonement, Silk), Aaron parece demasiado rígido e sem o à vontade que vimos, por exemplo, em Savages, enquanto Jude está a precisar de um filme/papel em cheio para voltar às luzes da ribalta.

Anna Karenina (Knightley) viaja até Moscovo para auxiliar o seu irmão, com um problema conjugal. No entanto, no seu regresso a S. Petersburgo é Anna quem carrega um pesado fardo (no coração), não conseguindo esconder a sua comoção perante os avanços do Conde Vronsky (Johnson).
Aparentemente seria uma situação mais ou menos banal e corrente não fosse estarmos em finais do século XIX, numa Rússia austera, machista e segregada!

O Amor, e a sua irracionalidade, seria, aparentemente, o tema central do filme porém, o seu elemento mais concludente acaba por ser o retrato de um país à beira de uma das maiores revoluções da História Moderna.
Escrito por Tolstoi, um eminente escritor russo e acérrimo crítico de uma sociedade moralista e decadente, a obra não esconde a sua “preocupação” em defender as mulheres e em equipará-las aos homens.

Era outros tempos e era preciso ser realmente diferente – i.e. corajoso e maluco – para se chegar à frente desta forma!

Anna Karenina ficará na memória pela abordagem teatral assumida por Joe Wright… e pouco mais. Não fosse isso e arriscaria a dizer que o filme passaria despercebido.

Outros poderão ter gostado (até muito!)… mas não foi o meu caso.

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