“Pela Estrada Fora (On the Road)” de Walter Salles
Antes de tudo, o nosso sincero pedido de desculpas à Zon Lusomundo pelo atraso no comentário.
Um dos mais conceituados realizadores brasileiros (responsável por sucessos como Central do Brasil ou Linha de Passe), aventura-se agora no cinema independente da América do Norte, com um filme rodeado de bastante expectativa mas que acabou por não conseguir chamar as devidas atenções.
Baseado no romance de Jack Kerouac, uma obra de culto dos anos 50 que expunha de forma sublime os dilemas de uma geração desenquadrada do seu tempo, o filme de Walter Salles tenta recuperar essa áurea de impunidade e inquestionabilidade que acompanhou o período de desenvolvimento económico, social e cultural do pós-guerra.
No entanto, o filme acaba por sentir algumas dificuldades em concentrar, nas suas cerca de 2h, todas as ideias (algumas delas conflituosas) que Kerouac transmitia na sua obra.
Assim, tudo o que fica (e já não é pouco!) é uma longa e extenuante viagem por um país que, tal como os seus protagonistas, estava a tentar encontrar-se.
Kristen Stewart, Garrett Hedlund e Sam Riley são os protagonistas desta longa viagem de introspecção e experimentação que ajudou a contextualizar a denominada Beat Generation.
Neste aspecto parece ser mesmo Hedlund (Tron Legacy) quem mais se evidencia, graças a um desempenho apaixonante e poderoso que acaba por abafar todos os demais.
Sal Paradise (Rilley) é um jovem escritor à procura de inspiração para o seu novo romance quando conhece Dean Moriarty (Hedlund) uma figura carismática e arrebatadora, com um estilo de vida muito próprio.
Sal irá acompanhar Dean numa viagem pela América que irá redefinir a vida de ambos e, também, daqueles com quem se cruzam, com especial relevo para Marylou (Stewart), Camille (Kirsten Dust) e Carlo (Tom Sturridge).
Música, sexo, relações familiares, amizade, sonhos, futuro, tudo é avaliado/ponderado sob um prisma totalmente distinto, levando cada um e todos a redefinirem as suas prioridades e a sua forma de pensar. Na altura, como agora, os mais jovens tinham o direito – e o dever! – de procurar novas rumos, novos ideais. Sem dúvida que os tempos mudaram mas o princípio continua o mesmo!
Um filme que nos faz pensar…