“The Master – O Mentor” de Paul Thomas Anderson
Chegou a ser um dos principais candidatos aos Oscars® deste ano mas acabou por ser um dos mais referenciados de entre os que ficaram “de fora” da corrida – falhando a nomeação para Melhor Filme, Realizador ou Argumento -, não contando, claro, com as 3 nomeações obtidas graças aos desempenhos de Joaquin Phoenix, Philip Seymour Hoffman e Amy Adams.
Apesar de ser fã indiscutível de Paul Thomas Anderson, sou obrigado a incluir-me no grupo daqueles que não gostaram(!) deste seu mais recente filme. Sem qualquer consideração artística ou comercial sobre o objetivo/destinatários do filme, não gostei no caminho seguido pelo realizador norte-americano.
Louva-se a subtil mas precisa crítica à origem e à relevância de algumas correntes sócio-teológicas (vulgo, seitas) que pontificaram num país em reconstrução após o esforço de guerra.
Elogia-se o retrato dorido e ferido de um (entre muitos) ex-combatente da II Guerra Mundial com sérios problemas de reintegração num mundo que já não é o seu.
Enaltece-se a visão de um realizador distinto e carismático mas no cômputo geral o filme simplesmente não… funciona!
Freddie Quell (Phoenix) denota, ao primeiro olhar, uma profunda lacuna de competências sociais, ao que tudo indica, fruto de um qualquer trauma de guerra insanável. As suas deambulações por uma América insegura em meados da década de 40 do século passado acabarão por conduzi-lo até Lancaster Dodd (Hoffman), o “pastor” (ou Mestre) de uma nova ideologia – alicerçada nos princípios da reencarnação e do auto-conhecimento – em franco crescimento nos EUA.
À medida que o comportamento auto-destrutivo de Freddie vai testado os limites e a união da “congregação” liderada por Dodd e pela sua mulher (Adams), o próprio Mestre parece começar a revelar inesperadas ambiguidades no seu discurso no rumo que pretende seguir…
Aliás, se há adjectivo aplicado a preceito a este The Master é a palavra ‘ambíguo’. Um pouco à imagem do que já acontecia em There Will Be Blood, PTA opta por um registo bem aberto e impreciso, deixando ao critério de cada um, a interpretação dos factos retratados.
De qualquer forma, seria de todo injusto não distinguir a avaliação do filme daquela que se faz dos desempenhos dos seus protagonistas. Tanto Phoenix como Hoffman (que é incluído na categoria de Actor Secundário apenas para os Prémios) arrancam interpretações poderosas e irrepreensíveis que justificam plenamente as várias indigitações recebidas durante esta temporada de prémios.
Arrisco-me, inclusive, a afirmar que não fosse o brilhantismo de Daniel Day-Lewis (em Lincoln) e Christoph Waltz (em Django Unchained) e estaríamos perante os 2 melhores desempenhos do ano nas respectivas categorias!
Infelizmente o cinema não é apenas a soma das partes…
No final, senti uma urgente necessidade em rever (pela enésima vez) Magnolia.
No fundo, no fundo, continuo a achar que essa obra suprema de PT Anderson acabará por ajudar a “perceber” os seus demais filmes!