“Homem de Aço (Man of Steel)” de Zack Snyder
Apesar das semelhanças – nomeadamente a presença de Christopher Nolan como produtor e a origem na DC Comics – Man of Steel (ou Superman, como preferirem) será sempre (um filme) incomparável a The Dark Knight… ou à larga maioria dos filmes de super-heróis, já agora.
Tal como Thor, Kal-El nunca encaixaria no “mundo real” que tanto sucesso tem garantido aos diferentes heróis que transitaram da banda-desenhada para a 7ª arte nos últimos anos. Como um ser “anormal” que é, o Super Homem apenas existirá num universo alternativo onde a realidade terá de ser sempre moldada à sua própria existência.
Nesse sentido é normal que a larga maioria louve a parte inicial deste Man of Steel, como um produto coerente com o tal “mundo real” que todos apreciamos. O problema começa quando Zack Snyder é obrigado a fugir dessa naturalidade, entrando em terrenos mais inexplorados e complexos.
Nesse universo (paralelo) onde um Homem tem poderes sobrehumanos, o enredo aventura-se por outros paradigmas. A existência de vida em outros planetas, a desconfiança perante um ser superior, o sacrifício pessoal em prol de um bem maior, a paz, acabam por transformar um filme de super herói(s) numa verdadeira odisseia sociológica e de introspecção.
Man of Steel apresenta-nos, muito provavelmente, o Super Homem mais humano que alguma vez vimos/lemos. Isto não quer dizer que Kal-El não disponha e demonstre todos os seus super-poderes, quer, isso sim, deixar bem claro que as suas fraquezas são bem humanas!
A história não traz assim nada de muito novo. Para lá de uma apresentação bem mais extensa do que o expectável de Krypton, a infância e adolescência de Clark Kent é habilmente enunciada através de flashbacks que unem a narrativa à personalidade do super herói.
Encontramos finalmente Henry Cavill na pele do Homem de Aço quando ele, já adulto, persegue a explicação para as suas origens. E o reality check não poderia ser mais expedito pois pouco depois de se conhecer e de encontrar Lois Lane (Amy Adams), o Homem de Aço irá confrontar-se com o General Zod (Michael Shannon), um kryptoniano com “uma missão” bem específica!
No capítulo da representação, para lá do mais que aguardado elogio ao desempenho de Shannon – mesmo com um boneco demasiado estilizado -, nota bem positiva para o inglês Henry Cavill que agarra a personagem com bastante segurança, validando perfeitamente a aposta num ator, na altura, totalmente arredado do mundo hoollywoodesco.
Aprecie-se ou não o rumo seguido por Zack Snyder, a verdade é que fica (para a posteridade) uma obra eletrizante que recupera em definitivo para a 7ª arte, um dos mais amados super-heróis da História. Esperemos que não falte motivos ($$) para avançar com as devidas sequelas, agora que o mais difícil está conseguido!
Para os mais críticos, e haverá muitos por ai, lembro apenas Superman Returns, para demonstrar o quão delicado pode ser a transposição para o cinema, deste ícone da cultura global.
Não será o fenómeno que todos (ou pelo menos, a maioria) esperávamos mas consegue deixar óptimas referências para o que aí vem, ao mesmo tempo que confirma-se como um blockbuster de qualidade.
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