“Os Estagiários (The Internship)” de Shawn Levy
8 anos depois de Wedding Crashers, Owen Wilson e Vince Vaughn volta a partilhar a tela num filme que não deslumbra como o anterior mas que afirma-se como uma das melhores comédias deste início de Verão.
Como pano de fundo temos um dos fenómenos do nosso tempo, a Google, uma empresa que há muito deixou de ser um mero motor de busca, para se tornar numa das maiores e bem sucedidas empresas do novo século.
Para lá das suas virtudes económicas, o “mundo” Google tornou-se famoso (à escala mundial) pela sua invulgar cultura de empresa, evidenciada sobretudo pela interatividade entre todos os seus colaboradores e pelas características amplamente descontraídas do seu ambiente de trabalho.
É pois neste microcosmos que Nick (Wilson) e Billy (Vaughn) vão cair, depois de perderem os seus empregos como vendedores de uma tradicional empresa de relógios… e de algumas inverdades.
Rodeados de “mentes brilhantes”, na sua larga maioria com idade para serem seus filhos, os dois novos Estagiários da Google irão fazer todos os esforços para se integrarem convenientemente no programa de iniciação para novatos.
Para todos os que presenciam regularmente o confronto entre o impacto das tecnologias e uma forma mais tradicional de ser, agir e fazer negócios, este The Internship é um retrato vivo e bastante bem humorado dessa realidade.
Mas desengane-se quem espera que o filme tome o partido de uma ou outra falange. Como foco central, o enredo preocupa-se sempre em expor o exagero de ambas as partes, achincalhando tanto os miúdos de vivem agarrados (e obcecados) pelos smartphones, aplicações e redes sociais, como os mais graúdos e as suas dificuldades em perceber como funciona uma chamada de vídeo, um teclado virtual ou o Instagram.
Para lá do humor inteligente (e de algum mais básico) e de tirar partido do Campus da Google – só por si um espaço altamente cinematográfico – a obra de Shawn Levy vive, naturalmente, da forte química evidenciada pelos seus 2 protagonistas.
Pese embora as dificuldades pessoais por que atravessou Wilson ou a dificuldade de Vaughn em encontrar um filme à sua medida, quando se juntam estes dois são, per si, motivo de regalo. Para lá do aspeto físico (alto-baixo, modero-louro, forte-franzino) presente-se uma complementaridade evidente. Não que o estilo de ambos seja assim tão díspar mas é aquela sensação que quando um começa uma frase e outro está lá sempre para a completar.
Se The Social Network demonstrava o lado sério e empresarial por detrás da 3ª vaga, este The Internship demonstra, se dúvida houvesse, que para lá do ar mais sério e sisudo do mundo dos negócios existe – hoje como sempre – um lado bem mais descontraído e alegre.
Um filme que promete agradar bastante ao seu público e que, na pior das hipóteses, valerá pelo retrato subtil (e não só!) do impacto das novas tecnologias no nosso quotidiano.
Quem não gosta de uma boa (e sonora) gargalhada!?!