“Um Homem de Família (The Iceman)” de Ariel Vromen
Estreado no Venice Film Festival há praticamente um ano, The Iceman iniciou esta Primavera o seu percurso comercial, contribuindo para a proliferação mundial de todo o talento de Michael Shannon!
A incrível História verídica de Richard Kuklinski, um assassino contratado da máfia nova-iorquina, que terá tirado a vida a mais de 100 pessoas ao longo da sua “carreira”, até ser finalmente preso pelo FBI, em 1986.
Frio, calculista, implacável. Antes de ser esse homem sanguinário, Kuklinski era um Homem de Família, um pai protetor, um marido exemplar e um amigo para as ocasiões. Carregando por completo o filme às costas, Michael Shannon é responsável por um desempenho brilhante, no papel do imenso bloco de gelo de origem polaca.
Um ator de mão cheia que demorou a dar nas vistas. Apesar do seu longo currículo, foi preciso Revolutionary Road – e a merecida nomeação ao Oscar® de Melhor Ator Secundário – para ficarmos a conhecê-lo (melhor). E ainda um pouco mais até Take Shelter o ter tornado num protagonista!
Pese embora toda a preponderância de Shannon, seria injusto não referir igualmente os desempenhos de Winona Ryder e Chris Evans. Na pele da frágil esposa, Deborah Pellicotti, Winona acaba por funcionar a preceito como contraponto ao magnetismo do seu indecifrável marido. Já Evans (para os mais desatentos, o atual Captain America), a sua transformação ao nível da caraterização é acompanhada por um desempenho de grande nível no papel de um improvável parceiro de The Iceman.
Por entre tanto elogio, quer relativamente aos desempenhos quer da magnitude da história, o principal senão acaba por ser ao nível do ritmo do filme. Ainda que pontuado por constantes evoluções cronológicas (fruto da longevidade da dúbia carreira de Kuklinski), acaba por não haver grande diversificação do status quo. Assassinatos, suspeitas, intrigas, segredos e desassossegos, o submundo nova-iorquino não terá evoluído assim tanto, ao longo de quase 40 anos.
Finalmente, o esperado desenlace, demonstrando as desvantagens (também as há!) dos filmes baseados em factos verídicos. É inteligente – não o poderia deixar de ser – mas no meio de tanto gelo, faltou chama para levar o filme para outro patamar.
Em suma, Shannon é grande… em todos os sentidos!