“Circuito Fechado (Closed Circuit)” de John Crowley
Tão silenciosamente quanto chegou ao nosso país, Closed Circuit irá “deixá-lo” sem grande impacto… mas é uma pena!
John Crowley constrói uma narrativa poderosa, inquietante e cativante, expondo aquilo que muitos desconfiam, i.e., que a guerra ao terrorismo nem sempre se resume aos bons contra os maus… há muitos tons de cinzento pelo meio.
Tal como o trailer, o filme começa da forma mais arrebatadora possível. Uma bomba rebenta no centro de Londres e a partir daí a intriga adensa-se, passo a passo, centrando atenções nas investigações (e julgamento) que se seguem.
No papel de protagonistas dois nomes de eleição. Eric Bana necessitará de poucas apresentações, Rebecca Hall para lá caminha. Australiano e inglesa encarnam com distinção a dupla de advogados responsável pela investigação. A química não se sente – o filme, também, não o obriga – mas o à vontade é incontornável. Ambos cumprem com distinção o seu papel e confirmam pergaminhos recentes.
Destaque ainda para a subtileza das presenças de Jim Broadbent, um ator a todos os níveis fantástico, e de Riz Ahmed (The Reluctant Fundamentalist), um jovem com um futuro deveras promissor. Para lá da dupla de protagonistas, são eles quem transmite o lado mais cru e real desta complexa trama.
Uma palavra ainda para o argumentista Steven Knight (autor, entre outros, do argumento de Eastern Promises). O mínimo que se pode dizer é que o senhor conhece os cantos à casa, tanto de Londres, como de um bom thriller (ou policial). O ritmo é incessante, a coerência precisa e as surpresas guardadas a sete chaves.
O cinema europeu continua em grande forma. Pode não dispor dos recursos e das múltiplas alternativas dos seus companheiros norte-americanos mas, está recheado de brilhantes contadores de históricos, especialmente no que aos argumentos diz respeito.
Falta-lhe, provavelmente, um aperfeiçoamento da máquina de promoção e divulgação dos seus produtos, de forma a atingir um público bem mais vasto. E este apresenta-se como um caminho altamente aliciante.
Boa história, bons desempenhos, um cenário (Londres!) que deixa saudades e um ritmo apreciável, são (alguns d)os seus principais argumentos.
É mesmo uma pena que não sejam mais os espetadores e cinéfilos nacionais (e não só) a deixarem-se seduzir por obras deste timbre. Elas merecem. E nós também!
Bom filme!