“Frances Ha” de Noah Baumbach
Um filme simples, direto, meio maluco mas que retrata com extrema precisão uma geração e uma cidade (New York) que vive, ao máximo, um dia de cada vez!
Greta Gerwig é fantástica no seu retrato meio goofy de uma jovem mulher que procura incessantemente o seu lugar no (seu) mundo, i.e. Nova Iorque. Já Noah Baumbach confirma que é um realizador diferente, arriscando como poucos e deixando a sua inegável marca como autor.
Não cheguei a ver The Squid and the Whale e ficaram-me sérias dúvidas relativamente a Greenberg. Percebia-se a olhos vistos onde Noah quereria chegar mas achei Greenberg demasiado complexo perante a simplicidade pretendida.
Frances Ha foi, portanto, um tiro no escuro. Dias antes da sua estreia por cá, Quentin Tarantino tinha-o destacado como um dos Melhores do Ano e por muito louco que o Sr. seja, deixou-me com a “pulga atrás” da orelha. Ainda assim, mesmo depois de visto o trailer, a desconfiança imperava.
Frances (Gerwig) partilha, em Nova Iorque, um pequeno apartamento com a sua melhor amiga, Sophie (Mickey Summer). A sua carreira como bailarina demora a arrancar e o namorado parece não a compreender. Frances vive ciente dos problemas do amanhã mas prefere concentrar-se no hoje, o que não lhe causa dissabores mas, pelo menos, deixa-a num estado de permanente insegurança. A Paixão leva-a por caminhos imprevisíveis e a cidade reconforta-a, permanentemente… e Nova Iorque tem essa qualidade inata de fazer esquecer qualquer percalço.
Há uma leveza, um espírito criativo e, em paralelo, uma loucura (in)controlável. O génio e o louco costumam andar de mãos dados, disso não temos dúvidas.
Baumbach faz lembrar Woody Allen. Ele faz pela “nova” New York, o que o veterano realizador de Manhattan fez por Londres, Paris, Roma ou Barcelona. A única diferença é que Noah é de Brooklyn e a sua visão permanece ingenuamente romântica.
Fiquei com vontade de voltar. Não pelas pessoas, nem pelas paisagens ou pelos edifícios mas pelo espírito, pela áurea de efervescência que se sente em cada recanto. Para lá de Times Square, Wall Street ou do Empire State Building há uma cidade que merece/apetece ser vivida!
Quanto ao preto e branco, este serve apenas para dar um ar mais ternurento ao filme. Deixem (de vez!) o preconceito de parte, ok!?!
Um filme que fui ver pelo feedback que fui lendo, mas que acabou por não atingir as expectativas com que ia. É um filme simples, que se vê bem, mas pouco mais do que isso. Levaria 3 pipocas.