“Nunca Desistas (Won’t Back Down)” de Daniel Barnz
Chega a Portugal um pouco mais de 1… ano(!) depois da sua estreia nos EUA. É verdade que “mais vale tarde do que nunca” mas, desta forma, qualquer potencial comercial é totalmente colocado de parte.
A anterior obra do realizador Daniel Barnz, Beastley, não será o melhor cartão de visita (nem o mais adequado) para este filme, já que em todos os itens é totalmente distinto deste.
Won’t Back Down conta a história verídica de um grupo de pais e professores que desafio o sistema (escolar) e disponibilizou-se para assumir a gestão da SUA escola. A lição de vida, de iniciativa própria, de orgulho, de desespero de dedicação é eliminar mas mais do que isso é um importante ensaio sobre a educação que pretendemos para nós e para os nossos filhos.
É verdade que o “episódio” retratado é de um caso extremo, exasperante até, mas não deixa de colocar o dedo bem na ferida. É uma realidade que nos é distante – pelo menos queremos pensar assim – mas é suficientemente “real” para iniciar um debate – introspetivo e, porque não, social – sobre o futuro presente da educação.
Jamie Fitzpatrick (Magie Gyllenhaal) é uma mãe solteira que precisa de dois trabalhos para poder sustentar a casa onde vive com a sua filha. Sem qualquer formação Jamie, é capaz de tudo para que a sua filha prossiga os seus estudos porém, Emily sofre de dislexia e na escola onde a colocaram, o desinteresse, a indiferença, a falta de condições e, também, a falta de profissionalismo fazem com que a menina se sinta totalmente desamparada e esquecida.
Como medida de último recurso, Jamie irá aliar-se a Nona Alberts (Viola Davis), uma das professoras da escola – e também ela mãe de uma criança com fortes dificuldades de aprendizagem -, para tentar convencer os outros pais e professores a “tomar conta” da escola, desafiando um status quo aparentemente incontestável.
Infelizmente, ou a eterna luta entre sindicatos e patrões/estado não fizesse parte do quotidiano norte-americano, o filme enrola-se em demasiado por entre lutas e burocracias que apesar da sua relevância histórica, acabam por afastar da tela a verdadeira História que se podia contar. É fácil simpatizar com com a causa (especialmente perante o retrato pintado) mas não restam dúvidas que é um assunto que dá que falar e pensar!
Magie e, sobretudo, Viola têm vindo a impressionar a cada filme. Apesar dos percursos altamente distintos (e demais diferenças mais ou menos evidentes), ambas as atrizes norte-americanas acumulam desempenhos virtuosos nos últimos anos e este Won’t Back Down não é exceção.
Não estamos, obviamente, perante uma obra grandiosa… pelo menos do ponto de vista cinematográfico. Porém, será inegável que é um filme que mexe com todos nós, que aborda assuntos delicados e que deixa bases interessantíssimas para um longo debate… tal como aquele que tivemos o prazer de assistir após a antestreia.
Faltou apenas alguma clarividência, tanto no filme… como no debate!